segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

OBINA SHOK



OBINA SHOK



Idiotas reacionários andam pregando que o rock brasileiro moderno morreu e ainda não sabe. Até movimentos anti-rock já estão se articulando em porões das grandes cidades. Mas o rock, embora explorado à exaustão pela mídia, não é um modismo, como patins e bambolês, e já está devidamente incorporado nesta Terra de Santa Cruz. Quero chegar no seguinte: a próxima encarnação do rock já está traçada e bem fincada no solo daqui e do resto do planeta. O futuro do velho rock´n´roll é negro como foi seu berço; o reggae, os ritmos afro e derivados do soul e do funk são a resposta. No Brasil já temos o primeiro representante do que está por vir. Seu nome é Obina Shok.
Formado ano passado, em Brasília, por um senegalês (Jean-Pierre Senghor, vocais e teclados), um gabanês (Roger Kedy, vocais e guitarra), um surinamês (Winston, bateria) e quatro brasileiros (Henrique Hermeto, guitarra base e vocais; Maurício Lagos, baixo; Sérgio Couto e Hélio Franco, ambos percussão), o Obina Shok resolveu fazer um tipo de música ainda pouco explorado aqui - misto de juju music, reggae, salsa e derivados -, mas que eles conheciam muito bem.
Os cabeças são Jean-Pierre (neto do poeta libertador africano Leopold Senghor, celebrizado por Bob Dylan numa das faixas do disco Sweet Legal), e Roger, ambos de fala mansa. Segundo eles, o nome Obina provém do dialeto lingala, do Zaire, e significa "transmissão de energia acumulada nas pessoas por um ritmo contagiante". Shok vem de choque, mesmo, no sentido de comoção, abalo emocional. Foi exatamente isso que aconteceu numa noite inesquecível no Parque Lage. Toda a eclética platéia - uma coleção de punks, darks e indefinidos - entrou em transe coletivo com o som do Obina: enquanto dançava, parecia flutuar.

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