Um dos grandes Grupos de rock dos anos 80. Suas músicas foram bastante executadas na Rádio Fluminense FM entre elas: Pânico e Solidão, Tão Perto, Neste Deserto e Fósforos de Oxford. Lançaram um disco Fósforo de Oxford com onze trilhas:
Patrocinado pela banda de maior sucesso no país — o LP do Cabine inaugura o selo em que o RPM vai investir os trunfos de seu prestígio —, um dos grupos prediletos dos porões paulistanos parte para enfrentar o grande público
Fósforos de Oxford - Título do primeiro LP do Cahine C — talvez os tire da obscuridade. Depois de passar dois anos navegando pelas tortuosas agitas do underground paulistano, o grupo aportou no recém- inaugurado selo RPMI e agora parte não se sabe para onde... Vamos ser jogados aos leões. Não sabemos se vamos domálos ou ser comidos, diz Ciro, vocal e guitarra da banda.
A dúvida é plausível. Afinal algum ouvido menos educado poderia, de cara, tachá-los com aquela palavrinha que tanto tem incomodado os que têm um mínimo de informação: dark. A bem da verdade, o som do Cabine pode parecer sombrio, o que é determinado, principalmente pelos arranjos, letras e voz dc Ciro Pessoa. Ele olha sóbrio para a questão e responde: Faz parte da natureza da minha arte. Sempre foi desse jeito.
O Cabine define assim sua estetíca musical: A gente obedece a um certo clima que cada instrumento evoca — uma escala das cores diz Marinella 7. Cada música tem um momento redondo: o nascer e o anoitecer do dia... Branco, amarelo, lilás, azul completa Vãnia, gosto do nome — Fósforos de Oxford que dá uma luminosidade às idéias: à luz de fósforos, emenda Anna Ruth.
O nome do grupo remete à cabine "C" de um navio que parte... "E percorre um roteiro. Passa pelo Oriente Médio na música que dá título ao LP: Buenos Aires no tango Lapso de Tempo: ou Japão através de Jardim das Gueixas fala Ciro. Vânia brinca: A gente sempre leva a bússola para não se perder . De outro lado, têm-se as referências literárias fortemente presentes neste repertório. Edgar, Allan Poe inspirou versos e um conto seu deu titulo a uma musica: A Queda do Solar de lsher”. Do Oriente, Nagarjuna, autor anterior a Buda, deu a tonalidade em "Neste Deserto”. Fora esses imortais, aparecem, vivinhos da silva: Akira S, criando um timbre todo especial com seu stick em Jardim das Gueixas, e Fernando DeIuqui, contribuindo com uma guitarra rascante em ‘Tão Perto”. Luís Schiavon mostrou ser um bom produtor, não interferindo na sonoridade original do grupo.
Dos tripulantes desse navio, talvez o mais conhecido seja Ciro Pessoa (vocal;guitarra;letras). Isso porque, sem dó, ele foi instituído ídolo dark local pelo caderno cultural de um diário paulista no que saiu à caça de, ‘figurinhas” para suas matérias de primeira página. Quem viu e sabe do assunto se assustou ao ver a cura de Ciro tomando quase que a página toda, e o letreiro enorme: DARK. Melhor nem lembrar este tipo de incidente, para não despertar os falsos vampiros... (fora isso, Ciro também já fez parte dos Titãs). Anna Ruth (ex-Akira S, baixo) parecia mostrar alhos e crucifixos quando, ao ouvirmos todos juntos a fita deste LP, envergava o corpo numa coreografia sensual... - ‘Ela é nossa professora de dança”, sorri Ciro. Quem segura as baquetas é Marinella 7, de formação erudita, bem aparente no som do Cabine. Vânia fica com os teclados, criando climas bem peculiares e de rara competência. Ao contrário dos atuais tecladistas, que impoêm timbres grandiloqüentes, Vânia se apropria dos espaços, de forma sutil e económica.
Além deste LP e a intenção de cair na estrada com um show bem produzido necessário para que os climas “redondos” fiquem bem visíveis — o Cabine já está testando outras sonoridades. “O som está mudando. Não sabemos ainda para onde vamos, mas é uma coisa natural mudar, se aprimorar. E isso está acontecendo com cada um de nós. Daqui a pouco vamos saber o que é”, explica Vãnia. Enfim, tudo está ainda meio nebuloso. Mas logo as nuvens se dissiparão, mostrando o próximo porto — uma inspiração a mais. Já em terra firme, a conclusão poderia ser: "Os tigres que já enfrentei agora cuidam de mim", como diz Ciro em "Jardim das Gueixas".
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