MARIA ANGÉLICA (NÃO MORA MAIS AQUI)
Uns adoraram, outros detestaram. Esta foi a reação do público frente às primeiras apresentações de Maria Angélica em São Paulo. De acordo, aliás, com a preferência do letrista e vocalista Fernando Naporano: "Amor e ódio contra a pasmaceira. Não quero meio-termo. Pretendemos analisar o mundo através do absurdo... O rock´n´roll, por si, foi, é e será o recanto dos marginais." Os primeiros shows não negam estas propostas. Misturam rock dos anos 50 com pop e baladas. Na interpretação e letras, Fernando evoca um Vicente Celestino, valendo-se de uma ironia típica de um Jorge Mautner. Maria Angélica nasceu com Décio Medeiros (bateria) e Victor Bock (guitarra), responsável ainda, por todos os arranjos. Victor acompanhou o movimento punk de 1982, quando montou um grupo que definiu como "suicida". Freqüentava o Teatro Luso, porão paulista do subúrbio e o mais cavernoso da época. Chegou até a tocar nos Inocentes. Décio brinca na bateria há quinze anos e trabalha como desenhista publicitário. Fernando, já velho conhecido como crítico de música, quase não entrou para a banda: "Eu não tinha coragem. Era muito tímido".
Quanto aos demais integrantes, Naporano explica: "Tem uns que moram por aqui e outros que não. Ninguém suporta nosso padrão de vida, horário, disciplina e rigidez". E cita Herberto Helder, poeta português: "Toda aventura criativa, assim como a criação, é uma derrota irrevogável. E se cria para morrer e viver nisto e disto. Aos espectadores, obrigado por acompanharem a minha morte".
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