segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

KAMIKAZE


Kamikaze

"Tudo começou por acaso - tínhamos umas músicas prontas, ai rolou um festival de grupos novos, e acabamos em primeiro lugar." Esse início despretensioso, igual ao já vivido por n bandinhas no pais, marcou a formação do Kamikaze, uma das mais tradicionais agremiações metalúrgicas das Alterosas.
Com dois LPs pela Cogumelo, Guilherme Bizzoto (voz), Reginaldo Silva (guitarra), João Guimarães (bateria) e Gustavo Duarte (baixo) parecem estar prestes a voar mais alto. Seu som de têmpera hard encontra ressonância em expressivos nomes do passado. "Sempre ouvi Led Zeppeli, Deep Purple, Cream, Ten Years After", confessa João. "Dos grupos atuais, gosto muito do Living Colour. Os caras conseguiram somar peso à levada suingada dos negros. É bem ousado." No Brasil, "o Barão Vermelho é o que mais se identifica com nossa proposta. Não queremos malhar ninguém, mas que o rock hoje anda cheio de armações, ah, isso anda", arremata Reginaldo.
Obcecados pelo apuro técnico, eles não pouparam esforços na produção de Dois, seu último disco. Como explica João; "foram mais de 400 horas de gravação, tempo para que pudéssemos obter um bom produto final. Chegamos até a transcrever num computador vários solos de guitarra que pegamos de discos feitos lá fora, em aparelhagem mais sofisticada. Depois tentamos nos aproximar daquele padrão de qualidade".
O resultado desse esforço pode ser ouvido em faixas como as detonantes "Guerra Do Pó" e "Blow It With Your Fingers", além da cover de um dos hinos da geração 70: "Hey Amigo", do Terço. "É uma homenagem aos pioneiros do rock nacional. A princípio, ficamos entre o Terço e os Mutantes, mas como já tinha o Sanguinho Novo, a dúvida acabou", lembra Reginaldo.
Em 87, a participação na coletânea Rock Forte (Plug/BMG-Ariola) deixou a rapaziada amargurada. "Foi tudo muito ruim", conta João, "Acho até, conforme dizem por ai, que esse tipo de disco só serve para a gravadora abater no Imposto de Renda. Não teve divulgação, trabalho nas rádios, nada".
Hoje, mais céticos, tudo o que querem é levar seu som para o maior número de pessoas. Diz Reginaldo: "Para ser sincero, estamos desligados da parte burocrática do novo disco. não temos sequer um controle das vendas. De qualquer forma, queremos mesmo é fazer shows, de preferência em São Paulo, onde acreditamos que nossa música vá encontrar mais aceitação".

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