segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

5 GENERAIS


5 GENERAIS


Por mais que tenhamos hoje toda sorte de revivais do pós-punk oitentista, as releituras atuais confirmam a impossibilidade de se resgatar, por exemplo, aquela crueza e honestidade sonora das bandas desse nostálgico período. Tanto os saudosistas que gozaram a época quanto os jovens que a idealizam concordam em algo: os tempos eram outros… diferia a mentalidade, a situação política, a forma de se ouvir música e a carga contestatória do rock, há muito dissolvida pelo mercado.
Um dos maiores e mais peculiares focos de produção nacional foi Brasília, com sua plêiade de bandas memoráveis que absorveram profundamente as mudanças que as bandas pós-punks inglesas impuseram ao rock, com seu lirismo sem perspectivas, suas menções ao gótico e seu ritmo arrastado e denso. Taxadas de darks por parte da crítica, essas bandas privilegiavam em sua quase totalidade o idioma português, ao contrário do que houve nos anos 1990 com relação às bandas de semelhante influência. Por terem entrevisto apenas um pouco da produção estrangeira que aqui chegou, essas bandas mantiveram-se heterogêneas entre si, cada qual com suas particularidades, algumas mais punks (Plebe Rude etc.), outras mais próximas ao que na Inglaterra já era chamado de rock gótico (Arte no Escuro etc.).
Entre elas, uma destacou-se em resenhas e coberturas de fanzines dos anos 1990 – podemos apontar a matéria de autoria do Fofão, atual integrante da banda Vultos – como a primeira banda gótica nacional, embora isso nunca tenha sido planejado: trata-se do quarteto 5 Generais, que abocanhou elementos de bandas como Siouxsie & the Banshees, The Sisters of Mercy, Cocteau Twins e The Cure na época em que essas bandas despontavam. Seus registros incluem participações em coletâneas como Rock Brasília (1987), e o mini-LP Onde Estão as Pessoas (1989).
Aqueles que a buscaram devido ao evidente interesse histórico depararam-se com trabalhos que merecem crédito por suas próprias qualidades. “Outro Trago” e “Pássaros Negros”, para ficarmos em apenas dois exemplos, capturam com maestria o estilo e a temática da época. Urbanas, noturnas, introspectivas, permeadas duma solidão altiva e da mais visceral insubmissão juvenil, essas canções repletas de “rancores guardados ao Deus e ao Rei” são verdadeiros retratos daquela geração.

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