sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

HARRY



HARRY


Talvez seja a proximidade com o porto de Santos que explique tudo, talvez não. O fato é que o Harry não está nem um pouco preocupado com a música brasileira, da bossa-nova às suas manifestações menos populares. Hansen, o guitarrista/vocalista, é sumário neste ponto: "Qualquer coisa que se faz lá fora - de parafuso a pasta de dentes - é melhor". E conclui, com lógica irrefutável: "A música também".
A comparação com produtos fabris não é gratuita. Entre os prediletos da banda (Denise, vocal; Johnson, baixo/teclados/vocal; e Cesar, bateria/vocal) estão alguns dos grupos mais importantes entre o que se convencionou chamar de rock industrial, do patriarca Kraftwerk ao Cabaret Voltaire. A essas influências somam-se outras tão intensas como o grupo americano Chrome (cultores do pesadelo em ritmo de ficção científica) e o cavernoso Nick Cave. E com essas convicções eles foram à luta.
Deram alguns shows em Santos, outros em São Paulo. No fim de 86, procuraram a Wop Bop - mais uma loja de discos de São Paulo que parte para os lançamentos independentes, e que tinha acabado de realizar o primeiro: o mini-LP do Violeta de Outono. O resultado é que o segundo lançamento da Wop Bop Discos será o mini-LP do Harry.
São quatro músicas que, como define Hansen, "embora tenham elementos experimentais, têm linhas melódicas que tendem para o pop" - O vocal é cheio de efeitos, os teclados criam climas claustrofóbicos - e são usados sem economia -, a guitarra é distorcida e áspera.
Muitas das canções da banda têm letras em inglês, o que garante ao Harry que se o Brasil se mostrar tão cruel para eles quanto eles se mostram para o país - pelo menos seu idioma é o idioma universal do rock.

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