segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

BLACK FUTURE


BLACK FUTURE

Em todos os sentidos, o futuro é negro. A situação mundial está cada vez pior e a música pop nunca foi tão Africa quanto agora. O resultado desta conjunção - tempos difíceis e música negra -já deu frutos até no Brasil: a banda carioca Black Future.
O mentor do projeto BF foi o mesmo Lui cujo passo inspirou o último álbum dos Paralamas do Sucesso. Durante algumas tardes sacais ele costumava se reunir com seus amigos mais um variado arsenal que incluía instrumentos de percussão, alguns pedais de efeito e um computador rítmico; além disso, usavam um enorme rádiogravador, do tipo ghetto blaster, sintonizado em ondas curtas. Nessa época (83) a banda se chamava Divisão Anti-Panzer (mais tarde viraria Anti-Globo) e os experimentos musicais corriam paralela-mente aos trabalhos de artes plásticas desenvolvidos por Lui. Destes o mais famoso é a série de pinturas dos "siribatatas", estranhos seres mutantes que habitariam o mundo após o holocausto nuclear.
Lui, no entanto, entrou em reclusão no início do ano passado e mudou-se para Brasília. O projeto BF foi sendo levado adiante pelo vocalista e programador de computador rítmico Márcio Bandeira, o Satanésio, mais o violinista e baterista eletrônico Tantão, o guitarrista Edinho e o baixista Olmar.
Do samba eletroapoteótico "Eu Sou o Rio" (de Lui) ao super-funk-rap "No Nights", o som do BF é particularíssimo. Na inquietante "Pobres Idiotas". Satanésio muda as letras de acordo com o show e não raramente chega às lágrimas por causa da injustiça combatida na letra.
Quem quiser conhecer o BF vai precisar esperar por alguma apresentação da banda - até agora sequer foram feitos planos para discos e as poucas fitas cassete existentes com as músicas do Black Future são disputadas a tapa. Talvez por isso o BF seja um grupo mais comentado do que conhecido. E aqueles poucos que o conhecem têm de escolher entre dois pólos: ou odeiam ou amam. Com o Black Future não há meio-termo.

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