sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

TOKYO


TOKYO


Bidi (guitarra), Andrés (baixo), Marcelo Z (sintetizadores), Rocco (bateria) e Supla 17 anos. "Ninguém aqui precisa trabalhar para ganhar a vida". Mas a seriedade com que encaram o trabalho da banda é evidente. Andrés diz que essa é até uma obrigação moral: "Eu acharia ruim se a gente, tendo a possibilidade de dedicação total, não fizesse um negócio esforçado". No início de 85 partiram para os primeiros shows. No segundo, foram "descobertos" pelo pessoal da Sigla/Som Livre e acertaram a gravação de um compacto. O problema é que a música escolhida para estourar, "Mão Direita", foi censurada, por falar de masturbação sem disfarces. Como essa, todas as letras são diretas e simples, falando de amor, dos pais, "da nossa realidade", enfim. "Se as pessoas não se identificam, paciência", diz Bidi, que as escreve com Supla. A contragosto e sob protestos, definem seu som como tecnopunk, o que se explica pelas influências punk de Bidi, Rocco e Supla, somadas às predileções tecnopop de Marcelo e Andrés. Mas, segundo eles, tudo é rock. No disco, entretanto, ressalvando-se o arranjo criativo de "Humanos" e as surpresas (falo delas daqui apouco), não há o elemento vitalidade, sempre embutido no conceito de rock... O episódio da música censurada freou um pouco a rápida ascensão da banda. Depois de barbarizar no show em uma festa da CBS, mudaram de gravadora: assinaram contrato no dia seguinte. Mas, quando mostraram sua música em fita, o pessoal da CBS estranhou: "Como é que a baianinha de sei lá onde vai gostar de ´Garota de Berlim?´, mas a gente disse - o grupo é assim, a gente vai tocar assim". Deu certo. Não só a música foi incluída no LP como contou com a participação de Nina Hagen, que estava no Brasil (ela acabou caidinha pelo Supla). No capítulo das participações especiais, aliás, eles foram bastante ecléticos. Se num lado do disco você tem a Nina Hagen engrolando umas frases em português, do outro a voz de Cauby Peixoto treme com a de Supla em "Romântica". Essas canjas inusitadas renderam mais publicidade, mantendo o Tokyo em evidência. Toda a onda em torno da banda e da figura de Supla fez com que, após o lançamento do disco, a crítica cobrasse essa notoriedade precoce, de uma maneira, digamos, pouco benevolente. Mas o Tokyo apara os golpes e, longe de recusar a fama, quer se utilizar dela. Supla, com a habitual franqueza: "Agora que me inventaram não tem jeito - daqui para a frente depende muito da minha criatividade. Me deram a bola, muito obrigado..." O disco vende bem (dizem eles), toca no rádio, tem uma faixa incluída na trilha do filme Rock Estrela. "Humanos" virou um bom videoclip, gravado na penitenciária de São Paulo. Ou seja, a bola continua em jogo. "O Tokyo não quer ser miss...", veio para ficar. Rocco, aflito, quer dizer mais uma coisa: "Com licença, a gente precisa ensaiar".

Um comentário:

  1. Antiga banda do Supla.
    Foi ai que ele lançou a garota de Belim, com a Nina Hagen *-*

    Ótimo blog, parabéns!

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