A Banda Telex surgiu no mundo do rock com só delírio - um rock super efervescente que fazia parte de "paus de sebo" lançada pela CBS. O Telex traz um humor muito inteligente, é paulista e destaca-se pelo forte instrumental a cargo de Oswaldo Gennari (baixo) Leonardo Giodano (bateria), Mauricio Pedrosa (teclado e vocal) e Tadeus Eliezer (guitarra).
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quinta-feira, 23 de maio de 2013
Pepino Irritadiço
A proposta da banda era cantar as dificuldades sócio-políticas e eoclógicas dos brasileiros de uma forma fácil e divertida. O problema da corrupção ou a luta do dia-a-dia contra as instabilidades e incertezas que os cercam. os temas escolhidos para a gravação do disco.
O Pepino Irritadiço conta com Christine e Carola (vocais), Raul Jr. (guitarra), Nelson (baixo) e Paulo (bateia) e ainda Fernando Tibiriçá (Vozes), que deu nome ao grupo e fez as letras do grupo junto com Raul, Paulo e Nelson. Sendo que os três rapazes, antes de fazerem parte do Pepino Irritadiço, atuavam no grupo Ficle-Pickle, que fez uma ótima carreira nas casas noturnas de São Paulo. Sátira, humor e ironia são parte integrante das músicas do grupo. Mas o toque especial fica mesmo por conta do rock esfuziante do Pepino Irritadiço, que vem engrossar o caldo das boas novidaes na área da Música Jovem.
A tudo isso creditamos o nome do Fernando Tibiriçá, que gentilmente nos agradeceu a lembrança do grupo.
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Pin Ups
Formado em 1988, o Pin Ups é o mito do rock alternativo brasileiro. Quando os primeiros discos da cena britânica chegaram ao Brasil, a banda já era assídua nos palcos do Espaço Retrô – a casa mais cult de São Paulo, administrada pelo boa praça Roberto. Porém, a história começa um pouco antes.
Em 1987, Zé Antônio e Luís Gustavo ensaiaram com duas garotas, mas desistiram porque elas tocavam muito mal. Até então denominados Bela Molnar - referência à uma personagem do filme "Estranhos no Paraíso", de Jim Jarmush - decidiram testar alguns amigos até que encontraram Marquinhos, o quinto baterista a ensaiar com a dupla. Como um trio e rebatizados como Pin Ups, tocaram pelos buracos de São Paulo, até assinarem um contrato com a Stilleto, graças à ajuda do amigo Thomas Pappon, do Fellini.
A sonoridade da banda com o nome inspirado num disco de David Bowie, destoava de tudo o que era feito na época no Brasil e a sintonia com o que havia de mais moderno na Inglaterra e nos Estados Unidos mostrava uma banda de personalidade não só nos palcos, como no estúdio.
Apesar de várias referências saltarem dos sulcos do vinil e da capa do primeiro álbum, "Time Will Burn" (1990) foi o marco inicial de uma cena que já criou gerações de bandas cantando em inglês. Na capa, o trio formado por Zé Antônio (guitarra), Marquinhos (bateria) e Luís Gustavo (vocal e baixo) apresentava um visual típico de bandas inglesas que assolariam o Brasil anos depois.
GROOVE
As canções também seguiam por esse caminho. Distorção, vocais sussurrados e um groove possibilitando dançar ao som de rock. Assim, muito antes de Primal Scream e Stone Roses, o Pin Ups já embalava a garotada com "Sonic Butterflies", "The Groover" e "Kill Myself". Como não podia ser diferente, o disco também trazia as baladas "down" (o que seria caracterizado e pasteurizado como dark no Brasil). Enquanto o Jesus and Mary Chain tocava pérolas como "Darklands’, o Pin Ups tinha "Bleed", "Hard to Fall", "These Days" e "Thousand Times".
A referência britânica ficou mais evidente em 1992, com o lançamento do projeto Gash. Um disco repleto de baladas acústicas e psicodélicas, bem antes dos irmãos Gallagher formarem o Oasis. Um disco primoroso melodicamente. Enquanto o Spacemen 3 mal era conhecido por aqui, o Pin Ups gravou um disco "viajandão" que tinha até cítara ("Ganesha"). "Most of the Time" era a sintonia com o que Sonic Boom e Jason Pierce faziam na Inglaterra. Baladas como "Candle", "Life’s Gonna Hit", "Got That Fire", "Can’t Pretend" e a regravação de "Hard to Fall" contribuíram para um status de banda idolatrada no underground.
Curiosamente, "Gash" continua muito atual. Afinal, hoje em dia, tanto no Brasil como em qualquer outro país que tenha uma mínima cena alternativa, é comum bandas com uma sonoridade lenta e melódica. Foi em "Gash", já contando com Alê na formação, que a baixista deu os primeiros passos, ou melhor, cantou os primeiros versos (na cover "A Day in the Life", dos Beatles) e, três anos depois, assumiria os vocais titulares da banda.
Em seguida, veio o disco "Scrabby?", uma guinada na sonoridade. Enquanto o primeiro álbum remetia à uma linha mais indie britânica, o segundo a algo mais psicodélico e acústico, o terceiro vinha pesado, com uma mistura de Velvet Underground, Stooges e MC5. Era o disco com a cara de Luís Gustavo. Vocais berrados e ritmos perfeitos para embalar a postura de palco do polêmico, blasé e displicente vocalista. Gravado em meio à muita briga no estúdio, o disco elevou a banda como a maior referência do meio independente brasileiro, graças à liberdade no selo Devil, por onde também saiu o quarto álbum, "Jodie Foster" (1995), iniciando a trilogia cinematográfica na discografia.
NOVA FASE
Assim que acabou a gravação do disco, Luís Gustavo deixou a banda para cuidar da família e seguir carreira na publicidade como quadrinhista. Luís nem fez o show de lançamento do disco, que foi feito com a baixista Alê nos vocais e com o guitarrista Peu na segunda guitarra. Aliás, Peu foi o responsável por uma das passagens mais curiosas na história do Pin Ups: foi dispensado por ser muito virtuoso. Ou seja, por tocar muito bem.
Com Alê à frente da banda, tanto a sonoridade quanto a imagem ganharam novos conceitos. Os vocais de Alexandra Briganti levou a banda ao bubblegum, com canções assobiáveis. Sem contar que Alê era mais simpática que Luís Gustavo, sempre disposta a bater papos com os fãs, coisa que Luís raramente fazia. Porém, Alê também "rodava a baiana" de vez em quando sem levar desaforos para casa e com uma postura anti-sexista.
Apesar de no disco Alê cantar somente uma música, "Witkin", os shows de divulgação traziam todas canções do disco de vocais gritados com uma voz doce, suave e uma banda mais alegre. Como bônus, o disco traz três músicas antigas em versão acústica.
Em 1997, o quinto álbum trazia outra formação. "Lee Marvin" foi gravado com Eliane na segunda guitarra e Fávio substituindo Marquinhos na bateria. O disco começa calmo com a bela "Weather", mas a guitarra de Zé Antônio dita o ritmo a partir da segunda faixa.
Este disco é um dos mais inspirados da discografia. "Guts" é uma das melhores canções da banda. "You Shoudn’t Go Away", "Resting Time" e "Loneliness" são dançantes e assobiáveis. Os novos integrantes colaboraram para um disco com algumas músicas com pique hard core. O disco fecha com dois bônus.
O último álbum da discografia é "Bruce Lee", lançado em 1999 para fechar a trilogia com atores de cinema. São três músicas de estúdio mais um show de divulgação de "Lee Marvin", com alguns "hits" dos álbuns anteriores.
Enquanto a banda se preparava para gravar o melhor álbum da carreira – palavras do próprio Zé Antônio – Alê decide sair e, no embalo, vão também Fávio e Eliane. Em 2001, Zé Antônio decide continuar e convida de volta o ex-vocalista Luís Gustavo. Para completar a banda, Pedrinho (ex-Killing Chainsaw) na bateria, Chuck (ex-Forgotten Boys no Baixo) e Ramon (ex-Strada) na segunda guitarra.
Com essa formação, o Pin Ups fez poucos shows e anunciou o fim durante o Circadélica em Sorocaba, em junho de 2001. Com 13 anos de carreira, a banda é a personificação do que é ser independente. Passar anos e anos tocando em buracos, gravando discos sem muitos recursos, vendendo pouco, mas sobrevivendo pelo amor à música.
Selo Plug
O SELO PLUG
O ano era 1987, o
país sofria a pior crise econômica de sua história. O então
presidente José
Sarney tramava para permanecer mais um ano no cargo,
institucionalizando
a já conhecida política do "é dando que se recebe". Eram
tempos de recessão e
incerteza. Depois do fracassado Plano cruzado II; A
missão; de novembro
de 86, era vez do Plano Bresser. Caminhávamos a passos
largos para
hiperinflação. Resumindo não estava fácil para ninguém.
O que diga o
emergente Rock Brasil, que não conseguiu passar incólume a este
cenário de crise.
Com a recessão o mercado consumidor se retraiu e as vendas
de discos
despencaram. Além disso depois de dois anos dominando as paradas o
Rock Brasil dava
sinais de desgaste. O RPM acabara. O Camisa de Vênus também.
Paralamas começara a
olhar com bons olhos para o mercado exterior, e a Legião
estava a beira de um
colapso. A maioria das bandas da primeira leva do rock
nacional tiveram que
repensar suas carreiras, e aqueles que se aventuram a
enfrentar a crise
acabaram quebrando a cara.
Foi o ano em que se
separou o joio do trigo no rock nacional, que ficou claro
quais bandas
permaneceriam no primeiro time da MPB: Paralamas, Titãs, Legião
Urbana. E quais
cairiam para segunda divisão: Ultraje a Rigor, Capital
Inicial, Barão
Vermelho, Ira! e o resto. A verdade, que desse segundo grupo
poucas bandas
chegariam aos anos 90, mas isso já outra história.
Pois não é que em
meio ao caos econômico, dois empresários cariocas resolveram
investir em uma nova
safra de bandas nacionais. Criando o primeiro selo
fonográfico
dedicado, exclusivamente, ao rock nacional a pertencer a uma
grande gravadora?
Estamos falando evidentemente do malfadado Selo Plug.
Olhando hoje em dia,
qualquer um pode perceber que aquele não era o melhor
momento para uma
empreitada desse tipo. Mas perspicácia e ponderação, nunca
foram
características comuns entre aqueles que trabalham no meio fonográfico.
Tudo começou com a
coletânea Rock Grande do Sul, lançada no verão de 87, que
reunia as bandas
Engenheiros do Hawai, DeFalla, Garotos da Rua, Replicantes e
TNT. Depois do Rio,
São Paulo e Brasília, o Rio Grande do Sul era a bola da
vez. A RCA/Ariola
entusiasmada com o sucesso do álbum bancou a idéia de um
selo especializado
em rock, idealizado pelos empresários Tadeu Valério e
Miguel Plopschi,
possivelmente achando que encontraria um novo RPM no meio
desse balaio de
gatos.
No entanto o Selo Plug
estava destinado ao fracasso, com vendas medíocres e o
sucesso passageiro
de alguns poucos abnegados(Engenheiros do Hawaii e Nenhum
de Nós) o selo foi
mantido na ativa até o final de 89. Quando a BMG comprou a
RCA/Ariola e acabou
com a palhaçada. Num primeiro momento o selo foi
abandonado, ficando
apenas Engenheiros e Nenhum de Nós sob contrato. Depois,
já nos anos 90, o
projeto foi reformulado e vem se mantendo, até hoje, na
vanguarda em matéria
de lançamentos inócuos e medíocres, que resultam
invariavelmente em
fracassos monumentais.
Além das bandas
gaúchas TNT, Defalla, Engenheiros do Hawaii, Nenhum de Nós,
Replicantes, Garotos
da Rua, o selo gravou vários outros artistas. A maioria
não deu nem para o
começo e foi dispensada logo após o primeiro LP. Sintam o
drama de algumas das
primeiras bandas que gravaram pelo selo:
Hojerizah; Banda de
rock carioca, gravou apenas dois discos
para o selo.
Sendo que o segundo
só o crítico musical Arthur Dapieve ouviu falar. Chegou a
ter um sucesso no
meio underground roqueiro; o que significa menos que nada;
com a música
"Pros que estão em Casa". O vocalista Tony Platão é a pessoa mais
indicada para fazer
o papel da cantora Cassia Eller no cinema.
Picassos Falsos;
Também conseguiu o feito de gravar dois discos. Aquele "Oh"
de espanto. É
realmente espantoso, pois não se conhece ninguém que tenha
ouvido nenhum dos
dois discos. O segundo "Supercarioca" foi aclamado pela
crítica musical da
época, o que também não significava grande coisa. Afinal
eram as mesmas
pessoas que colocavam bandas como Fellini, Akira S, Maria
Angêlica e outros
enganadores da mesma estirpe, nas listas de melhores do
ano...
Violeta de Outono;
Banda paulista reconhecida por seus shows ao vivo e por
seu som
progressivo(argh!!!). Gravaram um disco medíocre pelo selo plug e
voltaram para o
circuito "underground" de onde nunca deviam ter saído.
Hanói-Hanói; Banda
liderada pelo baixista/vocalista e letrista Arnaldo
Brandão, que deve
ter estudado na mesma escola para chatos que Lobão; e se
formado com louvor!
Parceiro de Cazuza; precisa dizer mais alguma coisa?; dono
de uma das vozes
mais irritantes do rock nacional, ganhou notoriedade por ter
a música
"Totalmente Demais" gravada por Caetano Veloso. Pra quem hoje em dia
grava Peninha isso
deve fazer algum sentido.
Black Future; Quem?
Onde? Como? Dupla de impostores cariocas dados a
espetáculos
performáticos e outras coisas cacetes metidas a besta. Chegaram a
gravar um disco,
alguém sabia disso?
Obina Shock; O
Cidade Negra dos anos 80... quer dizer, tão ruim quanto. A
banda estava a frente do seu tempo, pois nos anos 80 a reggae music
ainda
não tinha muita
audiência no país. Só na década seguinte o rítmo se tornaria a
trilha sonora
preferida de surfistas, maconheiros e outros desqualificados.
João Penca e Seus
Miquinhos Amestrados; Ah! com esse nome só poderia ser uma
banda carioca... Já
eram veteranos quando foram tirados do ostracismo para
gravar um disco pelo
selo Plug. O grupo havia gravado um disco antológico, com
o sucesso
"Telma eu não sou Gay", para gravadora Polygrana. Mas como acontece
com toda banda
engraçadinha, eles são divertidos no início, depois já não tem
a mesma graça, e
quando ninguém atura a mesma piada, são substituídos pela
próxima bandinha
engraçadinha da estação. No caso: Os Inimigos do Rei.
Os Aliados - O selo
Plug também era chegado numa picaretagem, vocês se lembram
dos Os Melhores, do
sucesso "Suzana". Pois é... tentaram reviver a banda com
outro nome. Não deu
certo. Mas não deu certo mesmo. Foi lançamentos errôneos
como esse que
transformaram o selo numa verdadeira máquina de queimar
dinheiro,
devidamente fechada algum tempo depois.
Wop Bop
Nos anos 70, 80 e 90 duas lojas disputavam a primazia de ter os melhores lançamentos importados e nacionais - a Baratos Afins e a Wop-Bop. Essa última tinha como um dos proprietários, René Ferri, amante de música, homem de fala mansa e tímido. Tão tímido que nem quis fornecer uma foto para essa matéria, me obrigando a colocar várias fotos de discos no lugar. As duas lojas também montaram seus selos e promoveram várias bandas nos anos 80. No caso da Wop-Bop, o primeiro EP do Violeta de Outono, Amor do Louco, do Fellini, Tabaporã de May East e o primeiro do Vzyadoq Moe. Meu primeiro contato com René em sua loja aconteceu em 1988 quando fui comprar o cassete Early Years, que ainda vinha com um fanzine e um flexi-disc de Fabio Golfetti. Pouco tempo depois, a loja fechou e René foi cuidar da vida com outras coisas.
Ataque Frontal
Tudo começou em Outubro de 1984, quando os sócios fundadores Renato Martins e Redson, guitarrista e vocalista da banda Cólera, resolveram montar um estúdio de gravação que serviria para ensaio e gravação das bandas punks da época, inclusive o Cólera. Chamaram um amigo para sócio, Marcos Seara Araújo, que também se identificava com o som punk, tendo ele saído do selo seis meses depois. Após uma detalhada pesquisa de preços de equipamentos, viram que a quantia necessária para se montar tal estúdio seria inviável. Decidiram então, gravar o Cólera no estúdio Gravodisc da Continental. Em Dezembro desse ano, mandaram prensar 1.000 cópias daquele que seria o primeiro disco do selo Ataque Frontal.
Em Janeiro de 1985, foi lançado o primeiro LP do Cólera, "Tente Mudar O Amanhã". Dois meses depois, foi feito o show de lançamento do disco no Teatro Lira Paulistana, cultuado ponto da cena alternativa na época. O evento ocorreu nos dias 15, 16 e 17 de Março, com algumas bandas amigas sendo convidadas para tocar junto.
A programação foi essa: Dia 15 - Juízo Final, com a participação especial da banda baiana, Homicídio Cultural, tocando 3 músicas com o Redson na bateria. Dia 16 - duas bandas foram convidadas, Vírus 27 e Lobotomia, que estava começando. Dia 17 - os já famosos Ratos de Porão, numa rara apresentação como trio, pois o João Gordo havia deixado a banda após o 1º LP, tendo voltado para o RDP para as gravações da coletânea "Ataque Sonoro" e não saído mais até hoje. Os shows foram todos gravados em fitas cassetes, com excessão do Juízo Final, e a gravação do dia 17 resultou no segundo lançamento do selo, o LP "Ao Vivo" com Cólera e Ratos de Porão. Esse foi o segundo lançamento do selo, tendo as primeiras 1.000 cópias em vinil verde. A idéia de lançar esse disco foi do Renato após verificar que a fita cassete scotch em que estava gravada, tinha uma qualidade razoável. Esse LP viraria uma raridade alguns anos depois, pois seria retirado de catálogo devido as desavenças criadas entre ambas as bandas.
Algumas dessas gravações em cassete, serão colocadas como faixas extras nos CDs do Ataque Frontal, como é o caso do CD "Ataque Sonoro", que tem 2 músicas extras do Cólera, Lobotomia, Vírus 27 e Homicidio Cultural.
O LP "Sub" tinha sido lançado originalmente pelos Estúdios Vermelhos, selo anterior do Redson, em 1983. Na versão original a capa tinha 3 erros graves. O primeiro era a abertura da capa, feita pelo lado contrário. O segundo era a cor vermelha em outro tom, diferente do planejado. Por fim, as músicas da banda Psykóze e Ratos de Porão tinham os nomes diferentes do vinil. O Ataque Frontal reprensou o disco como era para ter sido concebido originalmente, sendo as primeiras 1.000 cópias com vinil vermelho.
A gravadora seguia a todo vapor. Nessa epóca começou a ser planejada uma coletânea com várias bandas punks que estavam se destacando na cena. O disco teria 10 bandas, fato inédito até então, visto que as outras duas compilações punks brasileiras tinham 3 bandas - "Grito Suburbano" - e 4 bandas - "Sub".
Em Outubro de 1985 saiu a coletânea "Ataque Sonoro", com Vírus 27, Ratos de Porão, Cólera, Lobotomia, Garotos Podres, Grinders, Armagedom e as cariocas Auschwitz, Desordeiros e Espermogramix.O Ataque Frontal fecha o ano com 4 Lps lançados, fato sensacional, em se tratando de um selo independente de punk no Brasil.
Começa 1986. O Cólera grava seu segundo LP, "Pela Paz Em Todo Mundo", que se tornaria o maior êxito do Ataque Frontal. As primeiras 1.000 unidades se esgotaram em exatos 2 dias, sendo vendidas até as 100 cópias que estavam reservadas para a imprensa e promoção.A segunda prensagem, mais 1.000, acabou em 5 dias. No total, esse disco vendeu em torno de 12.000 cópias. Se não fosse a demora da entrega da prensagem, com certeza teria vendido muito mais. Se tornou o segundo maior disco punk em vendagens, só sendo superado pelo 1º disco dos Garotos Podres, distribuído pela Lup Som, via BMG Ariola.
Nessa mesma época, o Redson teve a idéia de gravar uma banda de um estilo um pouco diferente. A banda Varsóvia do ABC paulista, que se inspirava em Joy Division, e tinha a música Noites estourada nas rádios rock daquela época, a 97 FM de Santo André e a 89 FM, que aquela altura dava uma tremenda força para a cena alternativa. As primeiras 1.000 cópias se esgotaram muito rapidamente, sendo que as lojas Wop Bop Discos e Bossa Nova, do centro de São Paulo foram responsáveis pela venda de quase metade dessa tiragem. Como 1986 foi o ano do Plano Cruzado, tudo se vendia que nem água, e por isso as prensas da Gravadora Continental estavam lotadas e para se prensar um disco demorava no mínimo 3 meses. Aproveitando que o disco ia vendendo bem, chegando na casa das 3.000 cópias vendidas, foi decido fazer mais 2.000. Foi o maior erro do selo, pois quando essas cópias ficaram prontas, as vendas tinham parado e se tornou o único e grande encalhe da história do Ataque Frontal.
Aproveitando a boa fase de vendas e com a grana entrando, foram colocadas duas bandas do ABC paulista no estúdio Vice-Versa, com produção do Redson, para a gravação de seus respectivos discos. A banda Kães Vadius foi descoberta por Renato através de um anúncio do jornal Rocker do ABC. Foi feito um primeiro contato com George G., guitarrista deles, e após uma audição da fita demo, foram imediatamente contratados, pois a AF queria expandir seus lançamentos com estilos diferentes dentro do cenário alternativo e o Psychobilly com certeza, era um desses estilos. O disco deles contou com a participação especial de duas figuras ilustres da cena musical, Kid Vinil que dividiu os vocais com Hulk numa música e André Christovam na guitarra em outra.
A outra banda era o Grinders, pioneiros no estilo skate-punk e um dos destaques da coletânea "Ataque Sonoro", que arrebataram vários fãs e já mereciam um LP próprio. Aliás, só para citar, essa era uma das intenções no lançamento dessa coletânea, dar projeção e revelar novas bandas.
As únicas "famosas" na época, eram o Cólera e o Ratos de Porão, que já possuiam LPs individuais, e depois desse disco, quase todas as outras saíram em discos próprios, como foi o caso do Grinders pelo Ataque Frontal, Desordeiros e Vírus 27 pela Devil Discos, Lobotomia pela New Face Records, Armagedom pelo selo deles mesmos, Garotos Podres pela Rocker e depois Lup Som.
A meta foi alcançada e com mais esses dois discos, a AF encerra 1986 com 4 lançamentos novamente.
Em Março de 1987, Redson parte com sua banda para uma longa e bem sucedida turnê pela Europa. O AF ajudou a financiar boa parte das passagens do Cólera que ficou 5 meses excursionando pelo Velho Continente. Durante o período de ausência do sócio, Renato tocou sózinho os projetos do selo. Uma das prioridades era a melhoria da distribuição, que até então não contava com a venda para atacadistas. Com mais esse objetivo alcançado e com o dinheiro dessas vendas, várias dívidas foram pagas e novos projetos colocados em andamento.
Um deles era o primeiro lançamento internacional do AF: a banda finlandesa Massacre. O álbum mostrava uma fase da banda entre 1984 e 1986 e as faixas foram tiradas de dois Eps e uma fita demo, sendo lançado em um único LP apenas no Brasil. Esse disco teve toda a parte visual criada por Adherbal, guitarrista do Lobotomia. O detalhe é que a própria banda exigiu que ele desenhasse a capa.
O outro projeto era a gravação de uma nova coletânea. A mesma fórmula do "Ataque Sonoro" foi usada, 6 novas bandas sem disco próprio, Não Religião, Pupilas Dilatadas, Skárnio, Repúblika, Os Laranjas e Indecisus, e só uma consagrada, Olho Seco, foram escolhidas para o "Contra Ataque". Para produtor foi convidado Clemente, dos Inocentes, que já se aventurava pelos estúdios como produtor. O resultado foi completamente satisfatório, sendo este o disco mais bem elaborado técnicamente da gravadora até então.
Em Agosto, com a volta do Cólera da Europa, a banda teve uma exposição muito boa na mídia, chegando a fazer parte da entrevista central da revista Bizz, dividindo as atenções com as estrelas dos Paralamas do Sucesso. Para aproveitar essa repercussão, o Renato queria que fosse lançado um disco ao vivo com as várias gravações dos shows pela Europa. Começaram então, as primeiras desavenças entre os sócios, porque o Redson queria lançar um EP de Natal e era contra o disco ao vivo. Mais tarde foi explicado o porque, pois seria lançado pelo seu próprio selo após sua saída da AF. Ele vence a parada e a banda entra no estúdio Guidon em Setembro para a gravação das 4 músicas do tal EP.
O título do disco? "É Natal!!?". Esse disco teve uma vendagem muito fraca, pois devido ao atraso na prensagem acabou saindo uma semana após o Natal e além do mais, era um EP, e as lojas no Brasil não estavam acostumadas com esse tipo de produto e o vendiam pelo preço de LP, tornando-o caro para o público consumidor. Assim, a AF encerra 1987 com só 3 lançamentos.
A saída de Redson do selo era evidente e tal fato se concretizou em 1988. Na partilha dos bens da firma ficou estipulado entre ambas as partes que o valor de venda dos 2 LPs e do EP do Cólera, era o mesmo do restante dos outros títulos. Então a AF foi dividida e o nome ficou com o Renato, pois foi ele quem o criou. Após isso, Redson montou outro selo, chamado A.Indie, que durou poucos meses e na sequência ele vendeu todos os direitos fonográficos dos discos do Cólera, incluindo o "Sub", para a Devil Discos, que os relançou todos em vinil.
Logo após a divisão da firma, a AF continua e os Kães Vadius entram no estúdio Nosso Estúdio de 24 canais para a gravação do EP "Delirium Tremens". Foi novamente escolhido o formato EP, mas dessa vez foi por motivos econômicos, pois a gravadora estava sem verba. A banda havia ganho essas 8 horas de estúdio como parte do pagamento de um cachê para um show. Foi chamado André Christovam para a produção técnica e a qualidade do disco ficou absurdamente boa. Esse disco teve uma aceitação relativamente boa, pois os Kães Vadius tocavam bastante e ajudavam a divulgar o disco com uma excelente performance psycho. Fizeram dezenas de apresentações nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.
Ainda dentro de 1988 foi organizado um show do programa alternativo Independência Ou Morte! da 89 FM, com as bandas Grinders, Não Religião, Lobotomia e Cólera. Esse show seria gravado ao vivo e lançado em LP com o nome do programa. Foi alugada uma unidade móvel, o Estúdio Móvel e gravado em 24 canais no dia 20 de Novembro no Dama Xoc em São Paulo. As mixagens foram feitas durante 5 dias de Janeiro de 89 no estúdio Gravodisc por Haroldo Tzinulnik, que também produziu o disco, e foram marcadas com antecedência e mesmo sabendo da data, Redson não compareceu ao estúdio para as mixagens das faixas do Cólera, que foram feitas sem a sua presença, pois o estúdio não tinha mais horários disponíveis. Contrariado, ele reclamou da mixagem final e após uma decisão irrevogável da AF, as faixas da banda foram excluídas do LP "Independência Ou Morte!" lançado em Março. Vale citar que essas gravações foram as melhores feitas pela banda até hoje e a fita se perdeu alguns anos depois. Outro detalhe desse disco, é que ele foi inteiramente gravado em vídeo para lançamento simultâneo, só que a produtora de vídeo contratada aumentou abusivamente o preço acertado para a edição e a AF desistiu do projeto. Provavelmente essas imagens devem estar jogadas em alguma prateleira até hoje, se é que não foram apagadas. Foi uma pena porque as imagens ficaram excelentes, pois foram filmadas com 2 câmeras profissionais e com várias cenas de bastidores e todas as bandas ao vivo.
Mantendo os contatos internacionais em dia, Renato fecha um acôrdo com Dave Dictor, vocalista da banda M.D.C. da Califórnia, para lançamento de 2 LPs deles em terras brasileiras. Desse modo, foi lançado aqui o LP "Millions of Dead Cops", para muitos um dos melhores discos de hardcore da história. Era previsto também, o lançamento do disco "Multi-Death Corporation", que infelizmente não chegou a ocorrer.
O selo Sulcos Suicidas fez uma parceria com a AF para lançamento do compacto de 7" da banda Pupilas Dilatadas, que havia participado do "Contra Ataque". Eles bancaram a gravação do disco, que teve a produção do então desconhecido Carlos Eduardo Miranda, e a AF arcou com todos os outros custos. Foram feitas 1.000 cópias desse compacto, contando com todas as dificuldades da vendagem desse formato de disco. Quando a AF fechou o escritório e depósito na Rua Barão de Itapetininga, centro de São Paulo, foram deixadas guardadas umas 400 cópias do compacto e mais alguns fotolitos no depósito do edifício, que meses mais tarde foram jogados fora inavertidamente pelo zelador.
Dessa forma em 1990 se encerrou a história da AF, um selo independente que tentou sobreviver no Brasil, com todas as dificuldades da época.
Premeditando o Breque
Grupo paulistano surgido no fim dos anos 70, característico pelo
humor de suas composições. Formado por estudantes de música, o Premê, como
ficou conhecido, participou de festivais no início dos anos 80 e gravou alguns
compactos até o lançamento do LP "Premeditando o Breque", em 1981.
Com arranjos elaborados feitos pelos próprios membros do grupo ou por
arranjadores como Paulo Jobim e Danilo Caymmi, as letras são satíricas e
bem-humoradas, e o estilo do grupo, de difícil classificação, oscila entre o
pop underground e a vanguarda paulista. De punk rock a baladas e sambas,
passando por blues e "releituras" de clássicos sertanejos, o conjunto
lançou cinco álbuns. Entre seus maiores sucessos estão "Garota de
Copacabana", "Pinga com Limão" (de Alvarenga e Ranchinho, em
versão rock), "Lua-de-mel em Cubatão" e "Rubens", que foi
proibida pela censura, e regravada nos anos 90 pela cantora Cássia Eller.
Claus Erik Petersen - flauta, oboé, saxofone - *1955 em São Paulo, SP
Igor Lintz Maues - violino, acordeon
Mário Augusto Aidar (Biafra) - violão, violoncelo, guitarra - *1955 em São Paulo, SP
Wanderley Doratiotto (Wandy) - voz, violão, cavaquinho - *1950 em São Paulo, SP
Marcelo Galbetti - clarinete, violão - *1954 em São Paulo, SP
Osvaldo Luiz - baixo
AC dal Farra - bateria
Cogumelo Records
A Cogumelo foi fundada inicialmente como loja de discos de rock, em 1980, e passou a abrigar o emergente selo Cogumelo Records em 1985. Este foi o ano da edição do seu primeiro disco, o split-album (um lado do LP para cada banda) do Overdose e do Sepultura. O álbum Sepultura-Bestial Devastation e Overdose-Século XX foi gravado no JG Studios em apenas 08 canais, e teve uma receptividade que surpreendeu até mesmo a Cogumelo. A prensagem inicial de 1.000 cópias se esgotou em um mês, foi feita mais uma, mais outra, e por volta de 1989, quando o disco parou de ser prensado, tinha vendido aproximadamente 20.000 cópias. Hoje cada um dos lados do split-album deu origem a gravações individuais.
Em 1986 a Cogumelo partiu para a gravação do primeiro LP do Sepultura, o Morbid Visions, gravado em 16 canais no estúdio Vice-Versa, em São Paulo. Neste ano foi produzida a coletânea Warfare Noise I, que incluiu as bandas de death-metal Sarcófago, Chakal, Holocausto e Mutilator. No final de 1986 o Sepultura já era o grande trunfo da Cogumelo, sendo saudado em diversas publicações especializadas em todo o mundo.
LICENCIAMENTOS PARA O EXTERIOR
Em 1988 o Sepultura foi contratado pela Roadracer, subsidiária norte-americana do selo holandês Roadrunner, que estava sendo criado na época. Após o estouro mundial do Sepultura, a Roadrunner licenciou para o exterior com a Cogumelo os dois trabalhos do Sepultura: Schizophrenia e Morbid Visions, com bonus track EP Bestial Devastation. Esses lançamentos venderam 500.000 e 300.000 cópias respectivamente no exterior.
Outra banda de grande sucesso no exterior é o Sarcófago, que teve seus dois álbuns Rotting e The Laws of Scourge lançados na Europa pelo selo Music For Nations. Outras bandas seguiram: The Mist-Gottverlassen, pela Repulse Records, e Dorsal Atlântica-Straight pela Hawk Records.
Recentemente, outros dois álbuns foram licenciados para a Europa: Chaotic System, da banda mineira Eminence, pela Diamond Records; e Cada Dia Mais Sujo e Agressivo, do Ratos de Porão, pela gravadora Tralla Records.
DISTRIBUIÇÃO DE TÍTULOS NO MERCADO INTERNO
A Cogumelo tem procurado trabalhar o seu catálogo juntamente com os títulos de outras gravadoras independentes no Brasil. Parte de seu catálogo é distribuído pela MNF (Curitiba). A Cogumelo procura trabalhar com pelo menos um lojista em cada cidade de grande porte no Brasil, atendendo a mais de 50 lojas, além das vendas diretas ao consumidor final através do atendimento por correio.
DIVULGAÇÃO
Vários vídeo-clipes foram realizados pela Cogumelo, incluindo bandas como Tianastácia, Sarcófago, Panic, DeFalla, Os Baratas Tontas e Overdose, todos veiculados pela MTV. O maior alvo de divulgação da gravadora continua sendo as revistas especializadas e os fanzines.
CAST DE ARTISTAS
O selo tem hoje artistas de todos os estilos musicais, abrangendo hardcore, punk, industrial, e diversas vertentes do metal, expressando a verdadeira música underground. A Cogumelo foi a responsável pelo sucesso de bandas como Pato Fu, Ratos De Porão, DeFalla, Sepultura, Sarcófago, Overdose e muitas outras.
CATÁLOGO
Atualmente a Cogumelo possui em catálogo mais de 100 títulos, dos quais 50 já no formato CD. A proposta da gravadora é relançar em CD alguns títulos já consagrados.
COLETÂNEA COGUMELO
A coletânea da Cogumelo, que conta com o melhor do seu cast desde os primeiros anos de atividade, foi lançada em dezembro de 2000, comemorando seus 20 anos. É possível conferir neste lançamento porque o metal brasileiro é tão respeitado no exterior. A seleção inclui: Sepultura, Overdose, Dorsal Atlântica, Sarcófago, The Mist, Sextrash, Mutilator, Witchhammer, Chakal, Ratos de Porão, Vulcano, Eminence, Siegrid Ingrid.
Site Oficial
domingo, 19 de maio de 2013
Bugi Gang
A banda se formou em 1984 e se apresentou no estilo "new crazy" (como a própria banda o denomina) - um mesclado de vários estilos - em diversos eventos musicais.
Formação :
Jonny (guitarra e vocal)
Cláudia (vocal)
Leleco (bateria)
Mauro (baixo)
Patrícia (vocal)
Espiral
O grupo nasceu após uma transformação lenta e gradual, partindo rock tradicional para o rock tecnológico. Dilma e Magno, os tecladistas se equiparam com os mais modernos sintetizadores para criarem os sons que caraterizaram a banda
No vocal, a segurança e criatividade de Jorge, na guitarra a presença de Adriano. No contrabaixo, Pedro Coelho e na bateria o garoto Edmar que foi a grande revelação do ano.
Oficina de Luz
Os irmãos Dênio (guitarra e voz e Moacir Voz e letras) empunhavam cabos de vassouras como se fossem guitarras elétricas imaginando-se estrelas do pop para um público imaginário
Anos mais tarde os dois irmãos saíram de Goiânia rumo ao Rio de Janeiro onde encontraram Bobby (baixo) vindo de Nova York, trazendo na bagagem além do baixo é claro muito Rhythm and Blues.
Este encontro proporcionou uma mistura musical entre o swing brasileiro com a energia e versatilidade do rock americano.
Para completar, o tecladista italiano, Pino Danielle que acrescentou ao grupo um lado dem do tipo "soft rock"
Para finalizar a banda agradece ao grande Alessandro Woit, pela descoberta da energia elétrica sem a qual essa oficina poderia ter ficado no escuro.
Mirage
A banda reúne três músicos que iniciaram o atual trabalho há seis meses, depois de uma série de produções anteriores.O grupo retoma as bases do rock de densidade e passa a explorar sonoridades particulares
- Projeto Armação ilimitad
- Filme Rock Estrela
- Projeto A Era do Halley
participantes:
Marcelo Alexandre (Baixo, teclado e vocal)
Roberto Faippo (bateria)
Armando Souza (guitarra)
Filhos da Pauta
Banda nascida na Zona Sul do Rio de Janeiro em 1985, segundo seus integrantes "apresentou um som de linhas variadas mas enraizadas no rock", tirando partido para tanto, de arranjos e efeitos característicos.
Os quatro participantes da banda são músicos profissionais que batalham unindo suas esperiências anteriores para irem em busca do lugar ao sol.
Paulão: Baixo e vocal
Denise: Teclado e vocal
Gustavo: Guitarra e vocal
Marcummm: Bateria
Ticket
O grupo surgiu com uma oportunidade de gravação na RCA com o nome banda de maça, até então cada componente tinha sua experiência individual. Os meninos tocando em outros grupos.
A atual representante da banda Ticket participou em festivais de clubes estudantis.
A estréia do grupo em show surgiu com a gravação de uma musica em coletânea com vários grupos. Muito comum na época
Transito Livre
Formada em 1983 por João Carlos Suita, Charles Berton, Sérgio Coelho e Juninho, o estilo da banda tinha influência ativa do rock and roll.
O Grupo formado por jovens e tem como proposta maior transmitir ao público uma imagem bem solta, simples e criativa.
A banda não se define como mais um grupo de rock. Através de um som contagiante e atual, procura acompanhar as diversas tendência existentes na música nacional e internacional
Areia Quente
Com o objetivo de não ser mais uma banda de Rock e sim ser algo mais do que um rótulo de rock, Dé (teclados), J.Emilio (baixo), Fábio Barreto (bateria), Neném (guitarra) e Gugu (vocal) formaram em1 985 a banda Areia Quente
A maioria dos músicos já gravaram juntos em companhia de cantores da MPB.
"Acreditamos na evolução do Rock e acreditamos que vimos pra ficar" Gugu
Logotipo
O Logotipo enfrentou o mesmo circuito inicial das maiores bandas de todo lugar: os festivais estudantis, shows em colégios, as obrigatórias apresentações em bares até desembocar nas danceterias.
Com entrosamento e amadurecimento de seu show, Logotipo sai do território carioca, indo conqusitar um público novo e crescente até chegar ao Circo Voador.
Rock leve e ágil, pitadas de reggae e funk. Competência e talento. Personalidade e estilo próprio some tudo e encontre...
LOGOTIPO: cativante e competente
Cilada Mixta
Formada em Abril de 1985, o Cilada Mixta é composta de três músicos e dois vocais.
Marco Manela e Elsa Palatink (vocais)
Jaff Stanley (americano) na guitarra
Sami no baixo
e
Marcelo Costa na bateria.
O nome Cilada Mixta se origina da Flexibilidade de estilo entre músicos e músicas
747
A Banda 747 surgiu em 1985 reunindo músicos que acompanhavam cantores como Sandra de Sá, Fagner e músicos participantes das bandas Black Rio, Cinema a Dois e Cheque Especial.
Buscando um novo Som Paulinho Black (bateria) Ulisses (vocal) Marcos Nabuco (guitarra) e Tato (baixo) atuaram em dezembro de 85 num bar da Barra da Tijuca. Em Junho de 86 com a entrada de Papi (teclados e vocal e com a participação especial de Zé Roberto (percussão) com os arranjos e desempenho de cada músico adquirindo sua formação definitiva.
Com apresentaçãoe em bares, danceterias do Rio, como em outros estados e com a vitória do concurso CONTRABANDA, o 747 comquistou o seu público e alcançou a maturidade.
Baratos Afins - A Pioneira das Independentes
Baratos Afins é um gravadora e produtora musical situada na cidade de São Paulo,
uma das mais importantes da cena indie brasileira. Embora continue em atividade,
ela teve um papel preponderante nos anos 80, quando lançou no mercado alguma das
principais bandas de rock/heavy metal/punk rock independente do período, tais como
Coke Luxe, Fellini, Mercenárias, Ratos de Porão, Golpe de Estado e etc.
O seu disco raro de Rock Brasil 80 cm certeza você vai encontrar aqui.
Uma Entrevista com Calanca Proprietário da Baratos Afins
Site da Loja:
quarta-feira, 15 de maio de 2013
Fluminense FM "MALDITA"
Por Alexandre Figueiredo
Niterói - RJ
Nos anos 80, o rádio do Rio de Janeiro tinha muitas AMs e poucas FMs. Destas, a maioria era dedicada ao paradão estrangeiro, com base na revista Billboard. Dominavam as músicas comerciais e grupos de origem duvidosa (conhecidos como "armações "). De música nacional, só medalhões da MPB dos anos 70 e artistas popularescos (ou "bregas"). A música alternativa carecia de uma emissora que lhe servisse de divulgação ampla e irrestrita.
Nos anos 70, duas emissoras tinham arriscado o rock. A Federal AM, rádio niteroiense de baixa potência surgida no fim dos anos 60, e a Eldorado FM, vulgo Eldo Pop, surgida em 1972 e comandada pelo lendário DJ Big Boy (1945-1977), conhecedor de música negra dos EUA e rock. A Federal pertencia ao grupo Bloch e a Eldo (que de pop só tinha o nome), ao Sistema Globo de Rádio. Ambas representavam a cultura alternativa numa época em que a repressão era ameaça súbita e freqüente em nossas vidas. A Federal acabou em 1974, quando mudando as instalações para a cidade do Rio de Janeiro, virou uma AM popular, a Manchete AM. A Eldo Pop acabou em 1978, um ano após a morte de seu criador, passando a ser, até hoje, a rádio 98 FM, de perfil popularesco.
No início dos anos 80, o Grupo Fluminense de Comunicação, responsável pelo jornal O Fluminense, de Niterói, estava testando uma emissora FM. O grupo, propriedade do jornalista Alberto Torres, já tinha uma emissora AM, a Fluminense AM, e o jornal O Fluminense era o maior veículo de imprensa escrita do Estado do Rio de Janeiro até a fusão com o Estado da Guanabara, quando jornais oriundos do antigo Distrito Federal, como O globo e o Jornal do Brasil passaram a ter maior expressão no Estado do RJ.
Por pouco a então nova FM, a Fluminense FM, não seria dedicada à música romântica. O superintendente do Grupo Fluminense, Ephrem Amora, chegou a criar um lema meloso para a emissora. Todavia, o jornalista Luiz Antônio Mello, que estava bolando um programa de rock, o "Rock Alive", mudou o rumo da rádio, ainda experimental, em 1981, alternando The Who e Eric Clapton com Amado Batista, eliminando aos poucos a programação romântico-brega da rádio.
Em primeiro de março de 1982, nascia a Fluminense FM, a MALDITA, inteiramente voltada para o rock. Vale lembrar que sua finalidade foi ser totalmente diferente das FMs de hit-parade , não apenas pelo fato de tocar bandas de rock, mas também ter locução, linguagem, programação, filosofia e mentalidade que nada tinham a ver com as chamadas "rádios jovens". Além disso, também tocava blues e a MPB tinha alguma relação com o rock.
A rádio, no início de sua existência, tocava poucas bandas novas. Ela precisava se estabilizar e havia um marasmo no rock nacional da época. Ainda assim, a Flu FM começou a tocar a coletânea "Rock Voador", parceria entre a WEA e o Circo Voador que lançou nomes como Celso Blues Boy, Vid & Sangue Azul e Kid Abelha (este, por ironia, arroz de festa das rádios dance do país e rejeitado pelo público de rock de hoje em dia), além de demos de Lobão, Paralamas do Sucesso e Blitz (outro conjunto mais para pop). Na época, esses nomes eram a vanguarda do rock nacional que, depois de uma crise de identidade no final dos anos 70, tentava absorver parte da new wave norte-americana (Devo, B 52’s, Gary Numan), mas num sotaque que, segundo as más línguas, lembrava a Jovem Guarda. O Kid Abelha, por exemplo, soava Celly Campello reciclada. Os Paralamas do Sucesso eram os que melhor representavam o rock na época, entre os que estavam em ascensão. A sonoridade do grupo era voltada para o ska, na linha do ótimo grupo The Police. Atualmente, os Paralamas do Sucesso estão mais próximos da MPB do que para o rock.
A Fluminense FM lançou um produto novo chamado fita-demo. As fitas-demo serviam para dar a amostra do talento de cada banda, só que, graças à Fluminense, acabaram virando obras primas. Destacam-se as fitas-demo dos grupos Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial (bem superior à fase em que a banda foi pasteurizada pela indústria), Plebe Rude, Lado B (grupo paranaense depois radicado em Niterói que lançou um mini-LP pela EMI em 1985), Escola de Escândalo, Saara Saara, Urge, Picassos Falsos, Finis Africae, entres outros. Quem tiver alguma dessas fitas ou biografia sobre essas bandas, favor escrever para egoms@hotmail.com.
As fitas-demo tinham qualidade técnica sofrível, mas em contrapartida seus sons eram mais crus, espontâneos e bem melhores do que as versões em LP de algumas bandas. Por exemplo, "Idade Média" dos Picassos Falsos e os primórdios do Capital Inicial (quando Dinho Ouro Preto, da família do Visconde de Ouro Preto, não era um galã) eram bem melhores em gravações demo. Em LPs de grandes gravadoras, bem mixados, tais músicas, mesmo não ruins, soavam inferiores às originais.
A programação da Flu FM era brilhante. Já em 1984 a rádio acelerava nas novidades, tocando as novas tendências da época, como Smiths, New Order, Cure, U2 e grupos veteranos porém pouco conhecidos como Joy Division e Dead Kennedys. Na sua melhor fase, entre 1984 e 1989, a rádio freqüentemente jogava direto na programação normal, aliviando a carga dos programas específicos que poderiam ser mais criativos e ousados. Uma vez, uma cópia do single "The Game" (1987) do Echo & The Bunnymen, chegou aos estúdios da rádio e foi tocado diretamente na programação normal.
Entre os locutores da "Maldita ", se destacaram Selma Boiron, Selma Vieira, Liliane Yusim, Mirena Ciribelli (hoje apresentadora de programas esportivos da Rede Globo), Monika Venerabile, José Roberto Mahr, Maurício Valadares, entre outros.
Entre os programas da Fluminense FM, vale lembrar do "Rock Alive", apresentado pelo DJ, jornalista e fotógrafo Maurício Valladares e pela jornalista Liliane Yusim, hoje editora dos programas RJ TV e Jornal Nacional da Rede Globo. Apesar do nome, o "Rock Alive" era o mais eclético, chegando a tocar até Clementina de Jesus (sério, sem sacanagem!!). Outros programas eram memoráveis: o "Módulo Especial" (meia hora com músicas de um artista), "Guitarras" (metal, punk e derivados), "Espaço Aberto" (Rock Nacional e MPB), "Mack Twist" (skate rock, punk e new wave), "Rush" (soft rock e MPB), "Tendências" (que chegou a ter quatro horas de duração!), entre outros.
A programação da Flu Fm era 24 horas por dia para gravar, sem locuções nem vinhetas atropelando as músicas. Cada módulo começava com uma música nacional e depois duas estrangeiras. As músicas não se repetiam de uma hora para outra nem mais de duas vezes por semana, e até o repertório de um dia diferia de outro quase que por completo. Os locutores tinham um perfil sóbrio e não deveriam usar gírias nem sisudez, equilibrando a dicção e o texto falado para uma linguagem que possa ser aceita tanto por adolescentes como por adultos.
Desde 1985, porém, muitas rádios comerciais pegaram carona na revolução da Fluminense FM, diluindo o formato para os mesmos padrões do hit-parade rejeitados pela "Maldita". Infelizmente os que apoiaram a Fluminense acabaram se iludindo com suas clones comerciais.
É como se, entre os atores, preferir Ricardo Macchi a um Paulo Gracindo. A Fluminense FM foi aos poucos preterida pelas FMs que pasteurizavam seu formato. Em março de 1990, Luiz Antônio Mello e José Roberto Mahr (responsável pelo "Novas Tendências" ou NT) saíram da rádio (Mahr ainda voltaria para Flu FM em 1991), e a Fluminense FM passou a tocar pop, por um ano num ensaio para o que viria depois em 1994. Os protestos, porém, fizeram com que a Fluminense voltasse para o rock em 1991, mas sem a criatividade dos tempos anteriores. A programação roqueira dificilmente seria independente das paradas de sucesso, como era antes no auge da Fluminense.
Nesta fase, a Fluminense era uma decadência. É escalada uma equipe de locutores amadorescos, com exceção de Monika Venerabile, Ricardo Chantily, Tom Leão, Andre Mueller (Plebe Rude), Dodô, Rodrigo Lariú e José Roberto Mahr. Mesmo assim, o espaço para bandas alternativas, ainda que limitado, existia. A Fluminense, nesta fase, estava entre reviver seus tempos áureos ou concorrer com as clones comerciais.
Porém, o que mais pesou foi uma campanha negativa contra a rádio, que já estava marginalizada pela mídia. Corria entre alguns descontentes o bordão "A Fluminense morreu", já em 1991, e os menores erros cometidos eram duramente condenados. Todos botavam a culpa na rádio quando o problema real era a existência de alguns radialistas medíocres. Resultado: a única FM não-comercial do Rio de Janeiro encerrou suas atividades em 30 de setembro de 1994, quando entrou no ar uma rádio de credibilidade duvidosa (até para a dance music!), Jovem Pan 2. Pelo menos, resta um consolo: apesar do poder publicitário da Jovem Pan Sat, um papo entre amigos sobre a "Maldita" tem mais conteúdo inteligente do que as revistas ridículas que a Jovem Pan empurra para o mercado.
Fatos Marcantes
- O programa "Rock Alive ", que teve como principal responsável o fotógrafo, jornalista, radialista e DJ Maurício Valladares, apesar de tocar rock e de ter o têrmo em seu nome, tinha um conteúdo mais eclético, englobando as matizes da música negra, como o reggae de raiz, o blues, o soul e até Clementina de Jesus (eu mesmo flagrei na rádio, na época).
- O programa "Novas Tendências", surgido na extinta Estácio FM (107, 5 MHz), teve seu auge na Fluminense FM, de 1986 a 1990. Chegou a ter quatro horas de duração, mas a compra dos direitos de retransmissão da 89 FM de São Paulo e Recife reduziu o programa a duas horas de duração. Quando o programa se mudou, no Rio de Janeiro, para a Rádio Cidade, ganhou uma parca meia hora de rock e outra meia de tecno, teoricamente. Na prática, eram apenas seis bandas de rock e três de tecno em média por semana. A cidade, então atrelada ao dance, chegou a jogar o dance-farofa 2-unlimied (um dos símbolos do perfil dance da Jovem Pan 2) nos módulos tecno do NT. Nos tempos em que o programa reinava na Flu FM, seu repertório musical servia de base para a programação normal.
- Apesar de ser considerada a "primeira rádio de rock " do Brasil, a Flu FM foi antecedida por duas rádios nos anos 70, a Federal AM e a Eldorado FM (citadas no livro "Onda Maldita "). Na verdade, a Fluminense FM foi a primeira rádio de rock de porte médio (porque seus constantes problemas financeiros, já que não era uma FM comercial, dificultaram a real ascenção da rádio na grande mídia) do Brasil em tempos de democratização (a Eldo Pop surgil em 1972, época de censura e repressão; por isso é que não tinha muita locução, condição imposta pelo Sistema Globo de Rádio para manter o projeto do saudoso DJ Big Boy).
- O programa "Rock Alive", em seus primórdios, teve a colaboração da jornalista Liliane Yusim. Atualmente, ela faz parte das equipes editoriais do "RJ TV" e do "Jornal Nacional" da Rede Globo. Liliane foi uma das primeiras locutoras da Fluminense FM.
- Em 1987, durante a programação normal, à tarde, houve uma interrupção para tocar o compacto "The Game", do hoje recém-reativado Echo & The Bunnymen. Era o compacto da estreia do último LP do grupo antes da parada então definitiva, e o último gravado com o baterista Pete de Freitas, morto em 14/6/89. A cópia do compacto havia sido adquirida pela rádio naquele mesmo dia em que o compacto foi tocado, no segundo semestre de 97. A rádio decidiu não esperar incluí-lo em algum programa específico e jogou diretamente no horário normal.
- No dia primeiro de abril, a Flu FM tocava o início de uma música da Madonna, naquele ano de 1987. Era gozação e a música, "Into the Groove", foi interrompida antes da metade. Em 1995, porém, a Cidade e a Transamérica tocavam Madonna tranquilamente, mesmo se autodeterminando "rádios rock". Nos anos 80, a Flu FM passou a tocar o cover de "Into the Groove" com o atualmente conhecido Sonic Youth.
- Por outro lado, outro artista pop, Michael Jackson, radicalmente rejeitado pela Flu FM por não ter a menor identidade com o segmento rock, também foi lembrado pela Transamérica em sua fase dita "roqueira", felizmente de vida curta (abril de 95 - junho de 96).
- Apesar da precariedade técnica, as fitas demo tocadas na Fluminense FM chegavam a ter a qualidade criativa superior às faixas regravadas em LPs de grandes gravadoras. Destaque para as demos do Capital Inicial, que não fazia o pop mauricinho que marcou seus LPs, do Lado B, um conjunto paranaense que se radicou em Niterói, do Picassos Falsos, liderado por Humberto Effe e teve o jornalista de O Globo, Luiz Henrique Romanholli, como baixista da segunda formação. Pelo menos estes são alguns dos destaques.
- Uma das mais belas canções tocadas pela Fluminense FM foi "Big New Beginning", de 1986, do conjunto inglês Big Dish, até hoje marginalizado pelas paradas de sucesso, mesmo as "roqueiras". A canção era tocada na programação normal. A Estácio FM fazia a mesma coisa.
Nascida em 82, com sede em Niterói (RJ), a extinta rádio Fluminense FM, também conhecida como Maldita, foi muito popular durante os anos 80. Mas foi uma rádio muito especial. Ela foi uma rádio diferente das outras. Não se ligava em música comercial, nem pop-farofa, mas procurava trazer a tona sons novos, música de verdade. Eram especiais para todos os gostos, entrevistas e inúmeros programas, abrindo espaço para todas as tribos. Muitas bandas fizeram nome lá, com o espaço que ela abria às fitas demo para lá enviadas. Foi o caso, por exemplo, do Paralamas do Sucesso, que estourou nas paradas de sucesso da rádio em 83. Lançou tambem o Kid Abelha e a Legião Urbana. Assassinada pela Jovem Pan em setembro de 94, a chamada frequência maldita passou a tocar dance music. Só. A compra pegou todo mundo de surpresa e deixou milhares de ouvintes órfãos da melhor programação do Rio, restando à estes se contentarem com a robotização e a mesmice das outras rádios.
DECADÊNCIA E FIM DA FLUMINENSE FM
Em 1990 a Fluminense FM parecia ir aos conformes, com sua programação roqueira recauchutada quando, em fevereiro, ocorrem duas baixas. Primeiro, Luiz Antônio Mello foi convidado pelo prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, a presidir a Fundação Niteroiense de Arte (FUNIARTE). Segundo, a Rádio Cidade do Rio de Janeiro adquire os direitos de transmissão do programa "Novas Tendências", tirando da Fluminense sua fonte de novidades.
Num curto período entre setembro de 1989 e fevereiro de 1990 a Fluminense FM teve sua programação revista e alterada por Luiz Antônio Mello. O ecletismo sob o pretexto alternativo, espécie de caricatura da filosofia musical de Maurício Valladares, foi praticamente descartado. Até um bom programa especializado em rock progressivo foi transmitido nas noites de quinta-feira: "Clássicos do Rock". Mas compromissos pessoais, em nome da sobrevivência, fazem muita gente abandonar projetos ambiciosos que não rendem muito dinheiro.
Aí, em março de 1990 a Fluminense, sem algum nome de peso para conduzir a programação rock, mergulha no abismo: decide virar emissora pop, mantendo o mesmo nome, para desespero e irritação de muitos. Para a coordenação, foi chamado Daniel Di Sarto, atualmente gerente de selo da Universal Music no Brasil. Durante um ano a emissora adota esta atitude, tocando Dee-Lite, Paula Abdul, George Michael e Technotronic, entre tantas outras coisas, sendo um ensaio para o que veio depois, com a Jovem Pan e Jovem Rio. A audiência cai e começa o ceticismo dos alternativos quanto ao futuro do radialismo rock no Rio de Janeiro.
Um dos micos registrados dessa época é o fato de um locutor comparar o grupo de menudos New Kids On The Block aos Beatles. Mais ridícula, porém, é a atitude de uma FM de Salvador que entre dezembro de 1989 e agosto de 1993 posou de "rádio rock", com pretensões bem parecidas com a Rádio Cidade carioca hoje. A rádio baiana 96 FM chegava a incluir o New Kids On The Block na programação normal, só parando em março de 1992, quando a 96 FM (conhecida também como Rádio Aratu), adotou uma linha mais "verossímil", a que exatamente se vê nos 102,9 mhz cariocas hoje. A 96 FM não deu certo, perdeu audiência, virou rádio dance e com o tempo virou afiliada da Rede Aleluia (Igreja Universal do Reino de Deus). Te cuida, Rádio Cidade!
Em 1991 a Fluminense volta ao rock, em razão dos protestos dos ouvintes contra a programação pop da emissora. No entanto, a já ex-Maldita estava sem o pique de antes. Seu playlist não era repetitivo no sentido de "martelar" as mesmas 60 músicas toda semana, de quatro em quatro meses, mas era sofrível pela previsibilidade das canções e bandas escolhidas. Os programadores, ao invés de lançarem nomes inéditos no mainstream, se prendiam demais a nomes como Nirvana, Red Hot Chili Peppers e R. E. M., sem falar do farofeiro Guns N'Roses, sucesso entre os adolescentes naquele 1991.
A Fluminense volta meio dependente do playlist da MTV (na época, um pretenso "edifício garagem" para as novas bandas de rock), apesar de ter em sua equipe nomes como Tom Leão (um dos responsáveis pela coluna "Rio Fanzine" de O Globo), que comandava o programa "Hellradio", e Rodrigo Lariú (responsável pela gravadora independente Midsummer Madness e integrante do quadro de assessores e produtores da MTV Brasil), do programa "College Radio", que divulgavam novidades. Até José Roberto Mahr havia voltado à emissora, com o fim do "Novas Tendências" na sua fase Rede Cidade, como citaremos depois. Mas a programação normal, razoável, estava frouxa, pois apesar de não muito repetitiva em relação a qualquer FM de hit parade, era previsível demais para uma rádio alternativa.
Numa comparação mais exata, a Fluminense FM de 1991-1994 parecia mais uma rádio amadora. Não era exatamente uma rádio pop metida a roqueira, apesar de alguns ranços de "Transamérica" no programa "Jack Ruim", de humor besteirol. Era, isso sim, uma cover de uma rádio comunitária da pior espécie, dessas que perdem tempo tocando bandas "radicais" de sucesso e demos de grupos medíocres. Esse amadorismo, do contrário que a inteligente capacidade autodidata das rádios alternativas originais, era burro, equivocado, alienado e acima de tudo desatento ao que ocorria de bom e de melhor no mundo à volta.
Mesmo a volta da locutora Monika Venerabile em 1993 não empolgou. Ela havia trabalhado na Jovem Pan e na Transamérica pouco antes, quando a locutora residiu em São Paulo, e acabou adquirindo aquele ranço "engraçadinho" que ela desenvolveria em 1995. Ainda não era a Monika pedante e grosseira da Rádio Cidade, mas não era mais a Monika da Fluminense dos primórdios. Rola uma suspeita de que ela teria indicado a amigos da Jovem Pan a aquisição da Fluminense FM, por regime de franquia.
Em 1992 é lançado o livro "A Onda Maldita - Como Nasceu a Fluminense FM", de Luiz Antônio Mello. Era um livro saudoso, meio otimista, mas seu autor já estava muito amargurado com sua rádio, então com audiência baixíssima, inferior a 1 % - ironicamente os ouvintes radicalmente roqueiros da Rádio Cidade hoje nem chegam a 0,5 % de sua audiência total e a emissora comemora. Fazer o quê, pretensão é isso mesmo - , e situação econômica sofrível.
Sete anos depois Mello altera bruscamente seu livro, colocando notas adicionais, no livro "A Onda Maldita", que manteve o subtítulo "Como Nasceu" acrescido do "E Quem Assassinou". A obra também foi acrescida de letras traduzidas de King Crimson e Who, um poema de Lobão, um trecho de artigo do autor da revista Som Três (a íntegra pode ser lida aqui, acrescida dos comentários publicados no livro) e, principalmente, um capítulo em que Mello enumera os principais responsáveis pela extinção da Fluminense FM.
Gosto musical é coisa complicada. Não pode ser registrada em carteira de identidade. É difícil de provar e sujeita a mil ecletismos. Mas o cotidiano prova que o mito recente de que ouvinte da Rádio Cidade topa tudo que for rock n'roll não é mais do que balela, conversa para boi dormir. Existe até aquela piada do filho único, ouvinte da Cidade, que se achava roqueiro radical e, quando amigos flagraram um CD de dance music farofa na coleção dele, o tal "filho único" alegou pertencer a irmã caçula dele (ele não tem irmãos nem irmãs). Na mesma piada, o disco do Jethro Tull comprado pelo sujeito seis meses antes permanece com a embalagem lacradinha. Outra piada lembra a famosa marchinha de carnaval dos carecas, só que aplicada ao rock, em que os ouvintes da Cidade acham o rock o máximo, mas na hora do aperto é da dance music que gostam mais.
Em 1992, a Fluminense FM era comandada por um sujeito de pouca repercussão entre a opinião pública, chamado Gilney Hervano, "um homem simples cheio de idéias simples", segundo informa texto da Tribuna da Imprensa. 1991 e 1992 foram anos em que a Fluminense FM parecia mais modesta, palatável, não tinha um décimo da criatividade de antes e sofria alguns deslizes pop, mas era uma emissora correta, realmente eficaz nas suas mínimas virtudes, uma FM rock correta que a 89 FM até hoje tanto quer ser mas não consegue.
Até porque a Fluminense FM de 1991-1992, por mais atrapalhada e "avoada" que fosse, por mais previsível que estava, pelo menos tinha simplicidade, humildade, virtudes que praticamente inexistiram em quase toda a trajetória da 89 FM até hoje. Isso no que se diz a parte da equipe, pois se depender do outro lado, ou seja, Ricardo Chantilly e os envolvidos nos programas mais críticos da emissora, o estrelismo e a molecagem é que imperavam.
A Fluminense FM, no entanto, parecia se preocupar com a "irreverência" da MTV (surgida no Brasil em outubro de 1990) e tentou perseguir seu formato. Na gerência artística de então, estava Chantilly, ex-surfista, que depois veio a ser responsável pelo projeto Australian Connection, que trouxe diversas bandas australianas (algumas delas em fase decadente) para diversas cidades do país, incluindo até o Nordeste.
Hoje Chantilly é empresário do grupo mineiro Jota Quest. Ele, no entanto, não estava vinculado com a história da Fluminense e permitiu que ela seguisse um formato diluído, com locução irregular, amadoresca, com repertório que monopolizava os sucessos e as músicas de trabalho, embora num leque relativamente amplo como da MTV Brasil, que em 1991 era uma espécie de "Edifício Garagem", uma alusão ao termo "bandas de garagem" que eram os xodós da emissora televisiva, que tinha o funk metal e o rock de Seattle como seus carros-chefes.
Em 1993, José Roberto Mahr e Monika Venerabile retornam à equipe da Fluminense. Mahr cria um bom programa, "Overdrive", de rock em geral, antigo ou novo. E Monika, como descrevemos acima, passou a adotar um estilo que pairava entre a sobriedade dos primórdios da Fluminense FM (1982-1985) e a sua fase porralouca da Rádio Cidade (1995-2000).
É certo que, perto do que se tornou a 89 FM hoje em dia, a programação da Fluminense FM na sua fase decadente era mais honesta. Incompetente, mas real, autêntica, mostrando o gosto musical limitado dos surfistas, chegados apenas a curtir parte do rock que se relaciona com praia, verão e que seja mais ligado ao presente. Sem falar dos ecletismos com reggae e hip hop. Por isso é que a programação musical se tornou ruim, cheia de limitações. Mesmo assim, o gosto musical dos surfistas é real, eles curtem o que tocam em rádio, do contrário dos locutores da "rede rock" da 89 FM que só se envolvem com rock profissionalmente, quando na intimidade preferem ouvir pop suave e MPB.
A programação musical da Fluminense pecava pelo monopólio do rock barulhento, acrescida de obviedades do rock australiano. Grupos como Nirvana, Smashing Pumpkins, Red Hot Chili Peppers tinham uma divulgação fora do comum, ainda com ênfase nos seus hits. Junto a eles, Midnight Oil e Men At Work também sucumbiam à divulgação muito maciça, que enjoava os ouvintes. Apesar disso, algumas bandas novas tiveram espaço, ao menos em programas específicos, como Pelvs, Beach Lizards, Second Come e Pin Ups. Até o grupo baiano brincando de deus (esse nome assim mesmo, com minúsculas), liderado pelo professor universitário Messias G. B., apareceu para uma entrevista na Fluminense FM, que em seus últimos momentos chegou a divulgar o grupo O Rappa.
Programas como "Jack Ruim" e "Hard Rock" eram os mais problemáticos. Neste último o apresentador chegou a dizer que não gostava daquilo que tocava. No primeiro, locutores que falavam besteiras e pareciam playboys na praia, falando até palavrão. Em 1995 eles teriam problema em outra rádio, a Costa Verde FM de Itaguaí, que estava abrigando desde o final de 1994 alguns programas da Fluminense quando recebeu uma ordem para suspender a programação roqueira.
Ricardo Chantilly estava planejando aumentar o sinal da Fluminense FM de cinco para vinte e cinco kilowatts quando foi informado do contrato com a Jovem Pan Sat acertado em agosto de 1994. A Fluminense FM teve que trabalhar sua despedida em agosto e setembro, num fim melancólico e apático, com audiência que havia até se recuperado um pouquinho de nada, de abaixo de 1 % para algo como 1, 5 %, porque a notícia do fim assustou muita gente. Mas aí o pessoal foi lutar de forma tardia, mandando abaixo-assinados e recados para o Grupo Fluminense praticamente em vão, e sendo sujeitos ainda a encarar a arrogância da equipe da Jovem Pan Sat, que posava de herói naquela época, se autopromovendo às custas da crise da Fluminense.
Em 30 de setembro de 1994, num trocadilho maldoso com os 94,9 mhz (94 em relação ao ano e 9 em relação ao mês nove, que é setembro), a Fluminense FM encerrava suas transmissões à meia-noite. A música de encerramento escolhida foi "The End", clássico do primeiro LP dos Doors, homônimo à banda, de 1967. O fim da Fluminense foi anunciado em agosto anterior e nos poucos tempos de existência que restavam os locutores, inclusive o próprio Ricardo Chantilly, que apresentava um programa de surfe, ironizavam a entrada da Jovem Pan. Chantilly chegou a dizer: "Êêêê...Praia de paulista é no Rio Tietê". Outros alertavam os ouvintes sobre o fato de que a Jovem Pan costuma tratar o público juvenil como se fosse imbecil.
Com o fim da Fluminense FM, seu grande acervo de discos passava a ser inutilizado pela Jovem Pan, que só usaria CDs de pop e dance, passando o antigo acervo para esperar sua sorte, anos depois, nos sebos de discos no Rio de Janeiro e resto do Brasil. Tais discos se tornaram cobiçados, ante a mítica imagem da extinta rádio, embora os camelôs e lojistas, na sua boa fé, tenham vendido muitos desses discos a preços baixíssimos. Mas isso teve um lado positivo, pois a venda de tais títulos se tornava imediata e entusiasmada pela demanda roqueira, garantindo lucro modesto mas rápido dos vendedores.
No entanto, desconfia-se que o próprio Chantilly tenha sido conivente com a entrada da Jovem Pan, apesar de ter feito comentários irônicos no ar. Recentemente, observa-se de um lado que a programação "definitivamente rock" da Rádio Cidade é comandada por Alexandre Hovoruski, cúmplice de Tutinha na programação dance farofa da Jovem Pan Sat, a mesma que derrubou a Flu FM. Por outro lado, Ricardo Chantilly fez parcerias com a Spotlight Records para lançar os CDs das bandas australianas, e na equipe da Spotlight estava Kaká, primeiro coordenador da Jovem Rio, rádio local que subsituiu e herdou a linha da Jovem Pan Rio. Como se vê, é provável que esse pessoal esteja interessado na destruição da cultura alternativa no Rio de Janeiro, desmoralizando a Fluminense FM.
Que moral tem Alexandre Howoruski para representar o segmento rock, se seu "mestre" Tutinha, pouco antes da Fluminense FM sair do ar, ter dito à reportagem de O Globo que o público de rock é "pequeno"? Além disso, Hovoruski foi responsável por toda a série de CDs das "Sete Melhores da Pan", dedicados à dance farofa, entre 1995 e 2000. Hoje, pode ser que o público "roqueiro" da Cidade seja pequeno (ele não inclui os órfãos da Flu FM, ainda órfãos até a emissora voltar na sintonia 540 khz, em 16.07.2001), e mais detalhes podem ser obtidos clicando aqui.
PRINCIPAIS PROGRAMAS DA ÉPOCA: "Overdrive" (rock em geral), "Contracapa" (rock nacional), "College Radio" (rock independente dos EUA e Reino Unido), "Hellradio" (grunge e rock barulhento da linha pós-punk), "Jack Ruim", "Hard Rock" (rock pesado), "Fluminense News" (entrevistas e demos).
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