É urgente, é urgente que o mercado, pelo menos no que se refere à produção cultural jovem, comece a olhar para outros Estados, além de São Paulo, Rio e Brasília. Nesse sentido, Belo Horizonte e Porto Alegre, por exemplo, são promissores. Alguns já observam os pampas. Os últimos lançamentos gaúchos, salvo exceções, merecem uma audição respeitável. De lá, dando as últimas, falaremos nas próximas edições.
Belo Horizonte continua órfã de pai e mãe. Mesmo assim conseguiu criar um circuito próprio e peculiar. Ajudada por dois ativadores culturais - Arthur G. Couto Duarte e Marcelo Dolabella (leia, também, ´Divergência Socialista", nesta edição) -, a cidade ganhou um fanzine/revista de rock de primeira qualidade - o GASS - e uma rádio idem - a Liberdade FM -´ que dá um banho de integridade em qualquer outra do gênero. Nessa FM, demo tapes e o rock Brasil se mesclam, pau a pau, a uma programação internacional diversificada. O brilho final fica por conta dos especiais: Metal Massacre, que dispensa apresentações; Farenheit, dedicado às "novas tendências" do pop/rock de fora, e o Rock Mototoy, que dá uma geral nas produções brasileiras. Para fechar o cerco, um programa só para a música caipira. Já o fanzine mantém sintonia direta com o que acontece lá fora e aqui e conta, inclusive, com correspondentes internacionais. No comando de ambos os projetos - a rádio e o fanzine, que pretendem estender suas fronteiras de distribuição - está Arthur, responsável, ainda, pelo envio de alguns vinis nacionais para o exterior.
Na produção musical em si, muitos grupos engendram projetos mirabolantes em suas garagens. O mais representativo, por hora, são Os Contras. Com dois anos de existência, o trio - formado por Valério (guitarra), Dota (baixo/vocal) e Rogério "Mamão" (bateria) - passeia com facilidade entre o rock energético e melodias mais leves, com nítidas influências brasileiras. A temática básica são o protesto político e as desavenças do indivíduo com seu círculo social/pessoal.
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