quarta-feira, 30 de setembro de 2015

ídolos da Matineé


A história do nascimento dos Ídolos de Matinê é uma história romântica. Fernando Amaras, que era empresário da Contrabanda, resolveu, junto com Renato Incesto, criar uma banda própria. Nasceu daí a Estação no Interno. Em um dos ensaios, quando tentavam compor um hardcore, foram interrompidos por uma furiosa vizinha. Tratava-se da neta do maestro Bento Mossurunga, falecido autor dos hinos de Curitiba e do Paraná. Ela, uma estudante de piano clássico, reclamava do barulho que não a deixava estudar para uma prova de música no dia seguinte. A raiva foi recebida por olhares gulosos desferidos por Fernando para cima daquela apetitosa blondie que acabava de entrar. De olhar em olhar, a banda ganhou uma tecladista, um novo nome e Fernando, uma namorada.
Foi assim que Debbie Lloyd entrou para a banda e, com um dos primeiros atos, convenceu, Fernando e Renato a mudarem o nome de Estação no Inferno, homenagem a Rimbaud, para o atual Ídolos de Matinê. "E porque eu sou muito católica", explica Debbie. Com a entrada dela os componentes esqueceram de vez o punk, adotando um refinamento e uma elegância que são nossa marca registrada", segundo Fernando.
O Ídolos de Matinê atualmente é formado por Fernando (baixo) Debbie Lloyd (sintetizador) Pablo Pichasso (bateria) Carlos Virallohos (guitarra) e Leonardo Secco (vocal). As composições se apóiam na base repetitiva do baixo e da bateria para permitir a liberdade de criação da guitarra e do sintetizador. ´´Para quem quiser saber qual é o estilo que tocamos, pode dizer que é trendie. E quem não souber o que é isso que nos procure. Só damos explicações pessoalmente", diz, Fernando, fazendo mistério.
Em oposição a todas as outras bandas de Curitiba, o ídolos  de Matinê é a única que adota um visual especial para os shows. Cabelos espetados, maquiagem pesada e um enorme sobretudo preto com forro estampado de flores. "Esses trajes vão ser aposentados", esclarecem, contando que já encomendaram outros à estilista Branca, bem conhecida na cidade. A produção do visual deixou alguns membros do grupo um poco incomodados, pois cansaram de ouvir gracinhas do público. ´´No começo mexia um pouco com a nossa masculinidade´´, confessa o vocalista Leonardo Secco, completando: "Mas é necessária essa preocupação estética.O público gosta de um show completo, gosta de ouvir e de ver também, por isso continuaremos adotando esse visual´´.
Como projetos eles estão com algumas fitas demo colocadas nas mãos de produtores de gravadoras conhecidas, uma proposta para gravação de vídeo, também com o cineasta Fernando Severo, e vários shows. A atual formação já foi bastante elogiada nos shows que realizou e as letras - "Falamos as mesmas coisas que todo mundo quer falar, só que de maneira diferente" - são feitas por Fernando Amaras ou por Sérgio Vira lobos, irmão do guitarrista Carlos e também parceiro de Marcos Prado em livros e outras letras.
A oposição entre os componentes do Beijo au Força e dos ldolos de Matinê só acaba quando falam do Pós Meridion, eleita por eles como a melhor banda de Curitiba - depois deles, é claro.


Beijo AA Força


Depois de ser a primeira banda punk de Curitiba, hoje o Beijo aa Força passeia com desenvoltura pelo funk, rockabilly e o que mais pintar na inspiração. "A gente faz canções, meio entre o pop e a vanguarda. A banda não tem uma linha fixa, só um estilo, que é próprio, e tudo o que a gente toca tem a nossa cara",diz, Rodrigo Barros Homem Del Rey (vocal). "Nós gostamos de ouvir milhares de coisas, não uma só", completa Ferreira (guitarra e principal compositor). A banda é integrada ainda por Baby Júnior, o Foguinho (bateria), e Renato (baixo). A maioria das letras da banda é feita por Marcos Prado, um poeta que se especializou em escrever letras, um dos grandes trunfos da banda.
O Beijo aa Força, além de contatos com as gravadoras Continental e Wop-Bop para a gravação do primeiro LP, tem mais planos para este ano. Foi convidado pelo cineasta Fernando Severo, de Curitiba, para a gravação de um vídeo. Ainda nessa área, tem convite puro um trabalho com Valter Silveira -the Academia Brasileira de Vídeo, de São Paulo. "Não serão videoclipe", garante Rodrigo. ´´Serão vídeos, com roteiro e músicas, mas independentes, que não serão feitos para passar na televisão comercial.´´ (Fora isso), existem propostas de shows em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Em abril, pouco antes da Páscoa, a banda foi surpreendida com o roubo de duas guitarras, uma Fender e uma lbañes, que tinham custado as últimas economias do grupo. ´´Agora nós vamos ter de vollar a tocar punk rock", brinca Rodrigo, afirmando que é o que se pode fazer com as guitarras nacionais que sobraram. Mas, até abril, nos três anos de carreira, já tinham cerca de 100 músicas. Compor muito e bem sempre foi a marca da banda. A música ´´Síndrome de Dom Juan´´ já tocou bastante na Estação Primeira, que, apesar do nome, é a primeira FM que toca rock de Curitiba em Curitiba.
No ano passado, enquanto o Beijo se firmava e assuma a liderança na preferência popular, o Ídolos sofria várias transformações. A mais sentida foi à passagem do guitarrista Renato Incesto justamente para a maior rival, onde hoje toca baixo. O golpe atingiu forte e só no começo deste ano à banda se recuperou, com nova formação.


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Bandeira Federal


Uma história de polêmica, escândalos e censura: este é um resumo ultra-rápido da trajetória da banda brusquense Bandeira Federal. Isto porque Santa Catarina, em seu universo roqueiro, alimenta (com orgulho) um atraso de quinze anos em relação ao resto do mundo, além de uma aguda carência de informação. Depois de ter conseguido o terceiro lugar no festival do programa Boca Livre (TV Cultura/SP), no final do ano passado, o Bandeira Federal tem centrado forças em shows por sua própria cidade, aumentando o currículo com pequenos, médios e grandes conflitos. Foram literalmente arrancados do palco em Blumenau, em junho, no evento denominado Blumenália, encabeçado por Capital Inicial e Nenhum de Nós, por censura da produção. O mesmo motivo quase levou a banda a ser eliminada de um festival em Urussanga. 
Widman (guitarra), Deschamps (vocal/letras), Charles (baixo) e Luciano (bateria) têm conseguido, nos quatro anos de existência da banda, fundir, com personalidade e gás, influências que vão de Doors até DeFalla. Já distantes da adolescência, os rapazes do Bandeira são herdeiros das mais cortantes tradições do rock´n´roll. E a fome de palco e vinil é grande!


sábado, 12 de setembro de 2015

Vírus 27


A banda foi formada em 1982 com Di na bateria, Braz na guitarra e Pezão no baixo. Eles começaram fazendo um som mais hardcore punk, igual a maioria das bandas da época. O nome da banda foi tirada do selo americano Alternative Tentacles, devido ao fundador da banda, Ademilson, ser muito fã do Dead Kennedys. Ele morreu algum tempo depois, ainda nos anos 80, vítima de afogamento. Com a morte do baterista Di, Braz assume as baquetas; Pezão deixa a banda e vira cortador de cana no interior de São Paulo. Braz vai pra bateria e entram na banda Lula, ex-Negligentes no baixo e Junior, fã dos Dead Kennedys na guitarra, e Joe 90 assume os vocais e composições das musicas, o que ajudou a influenciar e modificar o som da banda.
Na época Joe se dividia com a banda Kaos 64 onde tocava guitarra. Essa formação durou muito tempo, fizeram vários shows em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, Minas Gerais... Suas primeiras gravações aparecem em 1985, na coletânea Ataque Sonoro. Um ano depois é lançado Parasitas Obrigatórios. Um clássico do underground mundial, o álbum mostra a banda se afastando sutilmente do hardcore punk para um som mais streetpunk/oi! como as bandas Garotos Podres e Histeria. No entanto, o som e as letras continuam as mesmas: ácidas, críticas, rueiras e raivosas, como sempre foram.
Na segunda metade dos anos 80, a banda mudou suas idéias e caminha politicamente para o nacionalismo, lançando o álbum Brasil Oi'. Nessa época, havia muitas brigas entre diversos grupos (Devastação Punk, Carecas do Subúrbio, SP-Punk, ABC, WPSP, etc.) em São Paulo. Os shows da Vírus 27, além de raros, sempre foram uma reunião da maioria das bancas, justamente pela banda ser skunk, ou seja, punks e skins tocando juntos.
A banda sempre esteve na ativa desde sua criação e passou por outras formações, sendo a mais clássica e que dura até o momento com o excelente Emerson Flocks no baixo e vocal, Léro Batera na bateria e o sempre atuante Joe 90 guitarra e vocal.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Clavion


Embora a idéia de lançar um grupo no estilo do Clavion 1á existisse há vários anos, foi só em 88 que seus integrantes puderam torná-la viável. E apesar da mínima divulgação em seus nove meses, de vida, eles já se preparam para o primeiro LR O Clavion caminha por todas as influências - do clássico ao thrash - demonstrando absorver, com muita naturalidade, estilos de grupos como Rising Force, Impellitteri e Vicious Rumours, sem dispensar momentos acústicos e muitas progressões de música clássica. Formado por Cirilo (vocal), Acácio (guitarra), Jamerson (baixo), Chico (bateria) e o requisitado Fábio Ribeiro (teclados, também Chave do Sol), o grupo canta em inglês, visando o mercado exterior. O LP Beyond the Frontier foi gravado no estúdio JG de Belo Horizonte e deve ser lançado ainda este ano via Rainbow Records. Outra banda brasileira de olho em outras fronteiras: o trio carioca Dorsal Atlântica, Eles acabam de lançar um compacto com duas músicas na Suíça para divulgação exclusiva em rádio. Depois de editar a segunda versão de seu último LP (Dividir e Conquistar) em inglês, o Dorsal negocia com o selo SPV Steamhammer, interessado em distribuí-los nos EUA e Inglaterra. Enquanto isso não acontece, eles já preparam o material para o quarto LP.


Os Contras





É urgente, é urgente que o mercado, pelo menos no que se refere à produção cultural jovem, comece a olhar para outros Estados, além de São Paulo, Rio e Brasília. Nesse sentido, Belo Horizonte e Porto Alegre, por exemplo, são promissores. Alguns já observam os pampas. Os últimos lançamentos gaúchos, salvo exceções, merecem uma audição respeitável. De lá, dando as últimas, falaremos nas próximas edições.
Belo Horizonte continua órfã de pai e mãe. Mesmo assim conseguiu criar um circuito próprio e peculiar. Ajudada por dois ativadores culturais - Arthur G. Couto Duarte e Marcelo Dolabella (leia, também, ´Divergência Socialista", nesta edição) -, a cidade ganhou um fanzine/revista de rock de primeira qualidade - o GASS - e uma rádio idem - a Liberdade FM -´ que dá um banho de integridade em qualquer outra do gênero. Nessa FM, demo tapes e o rock Brasil se mesclam, pau a pau, a uma programação internacional diversificada. O brilho final fica por conta dos especiais: Metal Massacre, que dispensa apresentações; Farenheit, dedicado às "novas tendências" do pop/rock de fora, e o Rock Mototoy, que dá uma geral nas produções brasileiras. Para fechar o cerco, um programa só para a música caipira. Já o fanzine mantém sintonia direta com o que acontece lá fora e aqui e conta, inclusive, com correspondentes internacionais. No comando de ambos os projetos - a rádio e o fanzine, que pretendem estender suas fronteiras de distribuição - está Arthur, responsável, ainda, pelo envio de alguns vinis nacionais para o exterior.
Na produção musical em si, muitos grupos engendram projetos mirabolantes em suas garagens. O mais representativo, por hora, são Os Contras. Com dois anos de existência, o trio - formado por Valério (guitarra), Dota (baixo/vocal) e Rogério "Mamão" (bateria) - passeia com facilidade entre o rock energético e melodias mais leves, com nítidas influências brasileiras. A temática básica são o protesto político e as desavenças do indivíduo com seu círculo social/pessoal.
Embora sem espaço para tocar em sua cidade natal - de fato restrito -, eles pretendem produzir uma demo, mandar para as rádios do país e bater às portas do eixo São Paulo-Rio. Com 20 músicas prontas para shows e um possível LP - que talvez saia pela Câmbio Negro Discos, o selo independente local -, eles ainda pretendem cultivar um hábito saudável: tocar músicas de outros nomes da música brasileira. "O Filho Predileto de Rajeneesh". do Sexo Explícito, e uma a ser escolhida de Alternar Dutra, com arranjo de Os Contras, são as primeiras investidas. Fiquem de olho.